O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira contra recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, nos processos envolvendo o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia. A decisão se deu por 8x3 contra o recurso. O julgamento será retomado na próxima quinta-feira, 22 de abril, para analisar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que teve atuação considerada parcial ao condenar Lula. A sessão também vai julgar a qual foro competente as ações.
As condenações tinham sido anuladas em março pelo ministro Edson Fachin, relator no STF dos processos da Lava Jato. Ele acolheu tese da defesa do ex-presidente de que não era competência da 13ª Vara Federal de Curitiba conduzir esses processos e duas ações envolvendo o Instituto Lula. O argumento foi que não havia ligação com a corrupção na Petrobras, investigada pela Operação Lava Jato. Após decisão monocrática, no entanto, Fachin decidiu levar o caso para o plenário.
A decisão desta quinta, no entanto, ainda não encerra a análise da situação do ex-presidente. Isso porque ficou para a próxima sessão a análise de um recurso da defesa de Lula contra a extinção de outros processos relacionados ao caso, entre eles um em que o ex-juiz Sergio Moro foi considerado parcial. A decisão considerou a atuação de Moro no caso do tríplex do Guarujá, mas a defesa do ex-presidente já pediu a extensão do entendimento para os demais processos de Lula na Lava Jato.
Caso essa extensão aconteça, as condenações de Lula permanecerão nulas mesmo com a revisão da decisão de Fachin que anulou as ações apontando a incompetência das 13ª Vara Federal de Curitiba.
O julgamento começou nesta quarta, quando os ministros julgaram um primeiro recurso da defesa de Lula, que era contra o debate do tema no plenário composto por 11 ministros. Por 9x2, o debate foi mantido no plenário.
Nesta quarta, Fachin foi o primeiro a votar e se posicionou contra o recurso da PGR. Ele afirmou que a 13ª Vara de Curitiba não é o “juízo universal” de questões ligadas à Lava Jato e disse que a jurisprudência pede o entendimento pelo "juiz natural" do caso como melhor forma de garantir a imparcialidade de sua atuação. O ministro entende que o caso deveria ter sido apurado pela Justiça Federal do Distrito Federal, que centraliza muitos dos casos de corrupção de órgãos de governo de Brasília.
Ainda em seu voto, Fachin citou as denúncias da Promotoria de Curitiba contra Lula, que indicaram que a Petrobras não seria a única fonte do suposto sistema de propinas. Elas apontariam para um "cenário de macrocorrupção" com a "distribuição de altos cargos da administração pública federal", envolvendo ministérios, secretarias e autarquias.
O segundo a votar foi o ministro Nunes Marques e teve opinião contrária à de Fachin. Ele afirmou que as investigações iniciais feitas pela Lava Jato indicaram irregularidades envolvendo a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, na região metropolitana de Curitiba, e que foi apontada na apuração a existência de uma conta de propinas que recebia dinheiro da Petrobras. Dessa forma, não se pode falar em incompetência da 13ª Vara Federal, alega Nunes Marques
"Não há a demonstração de competência de outro órgão. A competência seria no máximo concorrente", afirma. Ele lembrou ainda que o STF decidiu em outras oportunidades que a Vara de Curitiba está competente para julgar os processos. "Não apenas as instâncias inferiores, mas também este Supremo Tribunal Federal manteve a competência da 13ª Vara para julgar os processos.
O ministro Alexandre de Moraes acompanhou Fachin e falou que "não existe uma conexão específica por empresa". O Ministério Público acabou colocando o nome da Petrobras. Se analisarmos atentamente cada denúncia desses quatro casos. Vamos verificar que em nenhuma, seja no caso do sítio de Atibaia, seja do tríplex do Guarujá, da sede do Instituto Lula, em nenhuma delas nem o Ministério Público e nem o juiz Sergio Moro quando condenou apontou que o dinheiro veio da OAS, Odebrecht em contrato com a Petrobras. Algo genérico, sem nenhum ligação com fatos específicos, se denunciou o ex-presidente.
Afirmou que o foro adequado seria a Justiça em São Paulo, onde estão os alvos dos processos - tríplex, sítio e Instituto Lula. Ele lembrou que a decisão só acontece agora porque o recurso chegou em novembro ao STF contestando decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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