sexta-feira, 10 de abril de 2015

Estiagem provoca perdas em São Lourenço e região Sul

Os dias secos, com temperaturas ainda de verão, continuam a impactar as produções agrícolas. Apesar do alívio em alguns pontos, trazido pelas últimas chuvas, levantamentos da Emater em Cerrito, Turuçu e Pedro Osório podem resultar em decreto de emergência - realidade que já atinge Jaguarão, Herval, Pedras Altas e Canguçu. Na Gerência Regional Adjunta da Emater crescem as solicitações de avaliação de perdas de culturas.

Nesta quinta-feira (9) pela manhã, trabalhadores de Cerrito apresentaram as perdas no desenvolvimento em lavouras de soja, milho, hortaliças e produção leiteira. A estiagem atinge o município desde o início de fevereiro. Conforme dados do laudo da Emater, as perdas na produção de leite chegam a 25% em relação a janeiro de 2015. A redução no cultivo de milho é de 50%, no gado de corte 10% e na soja não ultrapassa 5%.

Um caminhão-pipa vem distribuindo água potável aos moradores do interior. Algumas propriedades foram prejudicadas pela falta de água. Problema que também aflige Herval. No município o resultado da seca é agravante no setor sul. Herval atesta perdas no milho grão de até 70% e no milho para silagem de 50%. Em Canguçu, após estrago de 40,75% das produções, foi decretada situação de emergência. Em relação a grãos, o prejuízo está avaliado em R$ 26 milhões.

De outra perspectiva, em Pelotas as chuvas de 91 milímetros favoreceram o campo nativo, a implantação das pastagens de inverno e o milho semeado no período tardio. Em geral, a maior parte dos últimos dias é favorável aos trabalhos de colheita de grãos na região. Em Arroio do Padre choveu quase diariamente. As culturas de verão (principalmente o milho pós-fumo), que começavam a apresentar sintomas de deficiência hídrica, demonstram tímida recuperação.

Já as pastagens e o campo nativo em áreas de pecuária de corte começam a sentir efeitos da estiagem - somada ao período final de ciclo, a situação provoca redução na produção de forragem em geral, especialmente em pontos em que houve pouca precipitação. O nível regular de chuvas por mês na região oscila entre 110 e 130 milímetros. 

O nível de água da Barragem do Chasqueiro, principal reservatório artificial da região, destinado à irrigação de arroz, está em 34,02 metros. O dado equivale a 11,30% de armazenamento. Com capacidade para abastecer até 8,1 mil hectares, sua cota mínima para captação de água para irrigação é de 32 metros. O nível máximo de acumulação alcança até 42 metros.

Lavouras

Milho
As áreas atingidas pela estiagem estão com a qualidade final da silagem comprometida. Os municípios da região relatam a intensificação das perdas de lavouras semeadas em épocas tardias (entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015). Nas lavouras semeadas no período, as perdas estão em média de 40%. Pós-fumo. O milho pós-fumo está com a semeadura finalizada. Em função da estiagem ocorrida em áreas produtoras de tabaco, seu desenvolvimento está prejudicado.

Soja
As áreas de soja plantadas nas épocas tardias apresentam redução de produtividade e produção em virtude da falta de chuvas. Herval informa estimativas de perdas de 30% entre março e início de abril - dado que pode elevar a medida da colheita. Canguçu teve perdas de 15,75%, com impacto na perda de receita direta avaliada em R$ 14.326.704,00. Alguns produtores de soja encaminham junto aos agentes financeiros a solicitação de cobertura do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). São Lourenço do Sul, Santana da Boa Vista, Santa Vitória do Palmar e Herval também pedem pelo seguro financeiro. Segundo avaliação das áreas colhidas até o momento, registram-se perdas de até 30%. O impacto financeiro é de menos R$ 234.000.000,00 para os sojicultores da região.

Arroz irrigado
Cultura em fase de finalização da ceifa. Santa Vitória do Palmar, Arroio Grande, Rio Grande e Jaguarão informam 70% da área colhida. O clima seco favoreceu a colheita e a logística de transporte, secagem e armazenamento desta safra. As expectativas de ótimos rendimentos vêm se confirmando em Arroio Grande, Pelotas e Rio Grande. Na região, a exceção fica com Tavares, devido à incidência da doença brusone.

Feijão
Estiagem está acarretando perdas da segunda safra e obrigando o amadurecimento da colheita.

Pecuária

Ovinos
O clima seco favoreceu a situação nutricional e sanitária dos animais. Alguns municípios ainda registram infestações de um parasita típico desta época do ano. Em Jaguarão, apesar do decreto em razão das lavouras, a situação do rebanho é regular. Eles vivem período de acasalamento. Pinheiro Machado informa que a procura é maior do que a oferta de ovinos para o abate. Em Santana da Boa Vista, segundo os compradores de ovinos, há uma diminuição de cordeiros para a comercialização, com expectativa de aumento dos preços em maio.

Bovinos de corte
Os animais estão no fim do período de acasalamento, ainda com expectativa de índices positivos de prenhes à próxima safra. O campo nativo está diminuindo a produção de forragem consideravelmente, em razão da falta de umidade no solo em alguns locais - a maioria das espécies do campo natural já está com seu ciclo na fase de reprodução, o que afeta também a qualidade da forragem. Nas localidades onde choveu, já estão iniciando os trabalhos de implantação de pastagens.
Campo nativo apresenta pouca oferta de pasto nas zonas mais altas, onde a disponibilidade de água nas propriedades está escassa. Já em pontos baixos a oferta de pasto é maior.
Em Herval os preços pagos ao produtor são razoáveis. As pastagens naturais mostram redução significativa na produção de forragem. Em Santana da Boa Vista está se confirmando a Feira de Terneiros, agendada em 12 de maio. A Secretaria de Agricultura tem aproximadamente 150 pequenos produtores inscritos para o preparo de terras para pastagem. Os pecuaristas vêm procurando azevém para sobressemear no campo nativo. Segundo os vendedores de sementes, existe pouca disponibilidade no mercado, em razão das quebras da safra no Estado.

Leite
A produção leiteira sofre queda geral, pelo fim de ciclo das pastagens de verão. Campo nativo diminui a oferta de forragens verdes, ou seja, chega o período chamado de Vazio Forrageiro de Outono. Em Canguçu e São Lourenço do Sul, com o retorno das chuvas, alguns produtores iniciaram a implantação das pastagens de inverno - pela falta de umidade. Em Pelotas a redução da produção se deve à estiagem ocorrida em março, o que dificulta a implantação. Estão realizando ressemeadura natural, com a silagem do ano passado para alimentar os animais. Aproximadamente 80% da silagem está realizada.

Na região os produtores se preocupam com o alto custo das sementes de aveia e azevém. Em Cerrito a situação do leite até o momento não mudou porque não foi possível ainda a semeadura de inverno. As perdas em relação a janeiro são de 25%, conforme as indústrias. Em Arroio do Padre as pastagens (temporárias e perenes), com as chuvas ocorridas na última semana e com as temperaturas ainda amenas, estão se recuperando significativamente.

Já em São Lourenço do Sul houve queda no volume de produção. Registra-se ainda a presença de endo e ectoparasitas no rebanho.

DIÁRIO POPLAR

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