Cristiane da Fonseca*
No momento atual, a situação do Brasil e do mundo requer a união de esforços para a solução dos problemas sociais. Nosso país é um dos campeões em desigualdades sociais. O governo, sozinho, não conseguirá resolver todos os problemas. Portanto, a participação das empresas nesse setor torna-se relevante.
As corporações possuem recursos e expertise, o que possibilita que elas façam uma contribuição efetiva para transformar a comunidade onde estão instaladas nos campos da educação, saúde e cultura. Diferentemente de períodos anteriores, é importante que as empresas se organizem para transcender questões paternalistas, trazendo metodologias com foco em resultados e planejamento estratégico.
E o ponto crucial desse sucesso do voluntariado passa pelo colaborador. A empresa precisa ter ações de mobilização junto aos funcionários. As iniciativas devem ser feitas para que a equipe sinta que terá todo o apoio necessário para mergulhar nessa nova realidade. Criado o grupo de voluntários, deve-se levar em conta que o trabalho de campo junto aos moradores precisa ser marcado pela gestão participativa. O primeiro passo é o estabelecimento do diálogo com a comunidade para o real entendimento das carências e prioridades, e de que forma o colaborador poderá atuar para que a ação seja efetiva e o projeto social implantado.
Os benefícios para o colaborador que se torna membro de um trabalho voluntário são inúmeros. Ele terá a capacidade de desenvolver novas habilidades, como trabalho em equipe, lidar com o diferente, ampliar a resiliência, despertar a consciência social, entre outros fatores. Na prática, ele sai de sua zona de conforto para se destacar num papel mais proativo dentro da sociedade em que vive.
O colaborador pode deixar uma herança de profundas transformações na comunidade. Esse trabalho é chamado de voluntariado transformador, responsável por deixar um legado que colabora na transformação de indivíduos e comunidades, capaz de superar o assistencialismo puro, ensinando o indivíduo a pescar no lugar de dar o peixe. É uma linha de ação que trabalha no empoderamento das pessoas, potencializando as habilidades para que elas tomem suas próprias decisões no futuro.
A tendência é que o voluntariado transformador seja seguido pelas empresas. O grande sonho é que ele passe a fazer parte dos hábitos de rotina do cidadão no Brasil. O país está aquém no número de voluntários para causas mais estratégicas e uma mudança na cultura do cidadão pode fazer com que o serviço de voluntariado transformador ganhe mais espaço para ajudar na diminuição das desigualdades sociais que tanto marcam nossa sociedade.
*Cristiane da Fonseca é coordenadora de Responsabilidade Social do Instituto Positivo.
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