Pesquisa realizada pelo SindiTabaco aponta que o sistema convencional de cultivo do solo que em 2007 era realidade em 83% das propriedades produtoras de tabaco, caiu para 32% em 2015.
O setor de tabaco tem investido recursos consideráveis em pesquisa e assistência técnica para aumentar a conscientização dos produtores sobre a importância das boas práticas agrícolas. Dados coletados em pesquisa realizada pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) demonstram os bons resultados na preservação do solo, redução no uso de agrotóxicos, utilização do manejo integrado de pragas e o estímulo ao reflorestamento.
Para o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, o Sistema Integrado de Produção de Tabaco é um grande aliado do meio ambiente nesse sentido. "A orientação técnica tem sido de inestimável importância na difusão destas tecnologias e um aliado permanente para o crescimento de ações que preservam o meio ambiente. A expectativa é que mais produtores se mobilizem em torno da adoção das boas práticas agrícolas, benéficas não apenas para o meio ambiente, mas para o próprio produtor, por garantir maior segurança, bem como redução de custos e aumento da renda", avalia o executivo.
PRESERVAÇÃO DO SOLO
Incentivada pela indústria de tabaco, a preservação do solo e o uso de práticas conservacionistas têm aumentado significativamente nos últimos anos. Devido ao crescente uso do plantio direto e do cultivo mínimo, dos 154 mil produtores de tabaco da Região Sul do País, mais de 68% já utilizam práticas de conservação em suas lavouras. Com isso, o sistema convencional que em 2007 era realidade em 83% das propriedades produtoras de tabaco, caiu para 32% em 2015.
No cultivo mínimo, o produtor mobiliza o mínimo possível o solo, protegendo parcialmente a sua superfície com resíduos da cultura anterior ou a biomassa resultante dos cultivos de cobertura, com o objetivo de diminuir os riscos de erosão. Já o plantio direto na palha é o sistema de cultivo mais eficiente na proteção do solo. Consiste em evitar o revolvimento do solo, preservando integramente a palhada dos cultivos de cobertura sobre a sua superfície. Além do aspecto conservacionista, esta tecnologia propicia redução no uso de combustíveis fósseis, redução na mão de obra e aumento da rentabilidade do produtor através da redução de custos.
Alguns produtores que continuam utilizando o sistema convencional de preparo do solo adotam outras práticas conservacionistas como terraceamento, cultivos de cobertura e plantio em nível, que funcionam como mecanismo de proteção em relação ao escoamento das águas das chuvas, reduzindo a sua velocidade e seu potencial erosivo. Outra forma de proteger o solo é através da preservação da mata ciliar, localizada no entorno de nascentes e nas margens dos cursos d'água. Além disso, como o tabaco é uma cultura sazonal, permitindo um cultivo sucessivo, as empresas incentivam o plantio de outras culturas, como o milho e o feijão após o tabaco. Esta prática possibilita a redução das populações de pragas e doenças, o reaproveitamento dos resíduos de fertilizantes, constituindo-se em fonte complementar de alimentação e renda das propriedades.
Segundo o assessor técnico da entidade, o engenheiro agrônomo, Darci José da Silva, nos últimos anos tem sido possível constatar um abandono progressivo das práticas tradicionais de preparo e manejo do solo, como a lavração, gradagem, excesso de cultivações e capinas. De forma concomitante, outras práticas conservacionistas mais eficientes estão sendo implementadas com êxito. Entre elas, a subsolagem, os cultivos de cobertura, os métodos de preparação do solo, as adubações mais racionais com base nas análises de solo e demandas culturais e outras boas práticas conservacionistas complementares (terraceamento e plantio em nível). "O essencial é manter o solo protegido o maior tempo possível. Solo desnudo está sempre predisposto aos efeitos da erosão, acelerando sua degradação física, química e biológica", explica.
REDUÇÃO NO USO DE AGROTÓXICOS
Por meio de pesquisas, o setor de tabaco conquistou redução do uso de princípios ativos de aproximadamente 83,3% nas últimas duas décadas. Atualmente, apenas 1,1 quilo de ingrediente ativo é empregado por hectare, índice que elevou o tabaco à condição de produto agrícola comercial que menos utiliza agrotóxicos no país. Essa redução, segundo Schünke, se deve aos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento promovidos pelas indústrias do setor e às ações de conscientização junto aos produtores. Por meio do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), os produtores se comprometem a utilizar apenas produtos registrados e autorizados pelo Ministério da Agricultura e são orientados a aplicar somente as quantidades recomendadas para a cultura.
Os dados da redução no uso de agrotóxicos na lavoura de tabaco foram apresentados em estudos de universidades e centros especializados públicos e privados. Exemplos disso são as pesquisas conduzidas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e pela Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Pelotas (Ufpel). As conclusões das investigações mostram que, enquanto o tabaco usa pouco mais de 1 quilo de ingrediente ativo (IA) de agrotóxicos por hectare, em outras culturas as quantidades são muito maiores. Acesse os gráficos
Mesmo utilizando menos agrotóxicos que muitos setores alimentícios, o setor do tabaco promove o recolhimento das embalagens desses produtos, para que sejam descartadas corretamente e não haja riscos de poluição. Por meio do Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, em 16 anos já houve o recolhimento de mais de 12,3 milhões de recipientes usados, inclusive de outras culturas. Conforme o coordenador do programa, Carlos Sehn, além das embalagens de produtos usados no tabaco, a ação oportuniza aos produtores entregar as embalagens de produtos utilizados em outras culturas agrícolas. "Isso contribui para o aumento da quantidade de embalagens recolhidas pelo programa, pois outras culturas usam volumes maiores de agrotóxicos se comparado ao tabaco", explica.
O recebimento de embalagens atinge 563 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Os caminhões do programa passam por 2,3 mil pontos de coleta na zona rural, conforme agenda amplamente divulgada, além de convites entregues individualmente aos produtores pelas equipes que prestam assistência técnica. Por sua eficiência, o sistema criado pelo setor do tabaco contribui para os altos índices brasileiros em logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas pós-consumo, que colocam o Brasil na posição de referência mundial. De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), 94% das embalagens plásticas primárias são devolvidas pelos agricultores. Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que o recolhimento é de 76% na Alemanha, 73% no Canadá, 66% na França, 50% no Japão e 30% nos Estados Unidos.
MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
As empresas associadas ao SindiTabaco incentivam o Manejo Integrado de Pragas (MIP), programa que determina o monitoramento da ocorrência de pragas e a preservação de seus inimigos naturais, promovendo o controle biológico. O MIP contribui para a redução da utilização de agrotóxicos e dos riscos de contaminação ambiental, oferecendo segurança para os produtores e menores custos agregados à produção. Segundo os últimos dados levantados, o MIP é aplicado em 54,5% do total de hectares plantados com tabaco.
ESTÍMULO AO REFLORESTAMENTO
A produção de tabaco alcançou um dos mais elevados índices de cobertura florestal da agricultura brasileira. Em média, 27% da área das propriedades produtoras de tabaco estão cobertas por florestas. "Por orientação do setor, somente lenha de origem sustentável pode ser usada na cura e secagem de tabaco. O incentivo ao reflorestamento já vem de muitos anos e atualmente podemos afirmar que o setor alcançou autossuficiência em produção energética", afirma Schünke. A disponibilidade de lenha está em crescimento nas áreas de produção de tabaco em decorrência de um trabalho permanente de estímulo ao reflorestamento, com distribuição de mudas aos produtores integrados.
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