segunda-feira, 20 de junho de 2016

INVERNO MENOS CHUVOSO E MAIS FRIO EM 2016

O inverno que começa nesta segunda às 19h34m se inicia com condições de neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial, ou seja, sem influência dos fenômenos El Niño e La Niña. No decorrer da estação se espera que prossiga o resfriamento do Pacífico que pode levar a condições de La Niña. A meteorologista da MetSul Meteorologia Estael Sias enfatiza que este inverno terá duas características distintas do ano passado pela mudança no clima global. Será menos chuvoso e mais frio. Devido ao El Niño, o inverno de 2015 foi marcado por chuva extrema, enchentes históricas, frio escasso e muitos dias quentes. 

O inverno marca o período mais frio do ano no Rio Grande do Sul. As jornadas mais frias costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e que são responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelado para o Estado. Quando o frio está acompanhado de um ciclone potente, é comum os gaúchos terem o vento Minuano, sensação térmica negativa, minimas muito baixas, geada ampla e em alguns casos neve. Ocorre que mesmo no inverno são normais dias com calor, especialmente durante agosto e setembro. 

A transição de períodos amenos ou quentes para frios pode se dar bruscamente com alto risco de tempo severo na forma de temporais com vento forte e granizo, especialmente se estiver presente um fenômeno conhecido como corrente de jato de baixos níveis, que traz ar quente e vento Norte com forte intensidade antecedendo a chuva e os temporais. Essas correntes de vento quente a cerca de 1500 metros de altitude são comuns horas antes da chegada de frente fria intensa associada a um grande ciclone. Em agosto cresce o risco de granizo e setembro, em anos de neutralidade ou La Niña, como 2016, têm uma maior propensão a vendavais fortes. O Rio Grande do Sul tem histórico até de tornados graves no inverno, especialmente na Serra. 

A chuva no inverno de 2016 deve apresentar grande variabilidade regional sem excessos generalizados como do ano passado. O fato de o Pacífico estar em modo de neutralidade ou mesmo evoluir pra La Niña não impede que se registrem episódios de chuva muito volumosa e até com cheias, porém estes tendem a ser mais pontuais e localizados que os anotados sob El Niño. No geral, a chuva alterna períodos mais secos sob influência de ar polar com outros mais chuvosos. Os episódios de chuva mais volumosa ocorrem com as frentes frias e centros de baixa pressão. 


A meteorologista da MetSul Estael Sias faz questão de destacar que o inverno começa nesta segunda-feira pela Astronomia porque, na prática, o clima não respeita calendário e no caso deste ano o chamado inverno climático teve início ainda no final de abril com uma poderosa massa de ar polar que chegou a causar neve no Sul do Brasil, seguindo-se o maio mais frio desde 1988 e um mês de junho que estará entre os mais gelados já vistos em um século de observação meteorológica. E a tendência é o frio prosseguir intenso, mas agora com algumas tréguas.  

“São quase 60 dias seguidos de frio a muito frio, uma excepcionalidade. Não é a regra na nossa climatologia local termos período tão prolongado de frio e com tamanha intensidade. A regra é a variabilidade com jornadas amenas e algumas até quentes se intercalando com períodos frios. Outros 60 dias seguidos de frio contínuo daqui pra frente seriam uma improbabilidade estatística imensa”, diz Estael. 

“Alertamos que ainda haverá muitos episódios e alto número de jornadas de frio intenso a extremo, em número até acima do normal, mas desta vez com o padrão mais tradicional em que são registrados dias e períodos amenos e quentes se intercalando”, pondera a meteorologista da MetSul. Estael recorda que em agosto e setembro, em particular, podem ser esperados dias de temperatura mais alta e alguns até de calor em pleno inverno. 

Sem El Niño diminui o risco de bloqueios atmosféricos prolongados, como em agosto de 2015, mas em situações de bloqueio (que podem ocorrer neste ano) há a possibilidade de sequências de dias quentes no inverno, sobretudo na segunda metade da estação. 

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