"Colheita Segura" é o nome da campanha de educação. Uso do equipamento de prevenção garante 98% de proteção ao trabalhador rural.
O trabalho na lavoura de tabaco se tornou mais seguro nos últimos anos. Desde o desenvolvimento da vestimenta de colheita, é possível prevenir o aparecimento da Doença da Folha Verde. O equipamento padrão é composto por calça e blusa leves e impermeáveis e luvas de nitrila, e a segurança aumenta se o trabalhador usar chapéu e botas. Uma pesquisa científica realizada em 2010 e 2011 mostrou que a proteção chega a 98%.
Para orientar sobre o uso correto da vestimenta de colheita, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), lançou por meio de seu canal no Youtube, a campanha "Colheita Segura", que reforça as recomendações dadas aos produtores sobre o uso do kit de proteção.
A avaliação da eficácia da vestimenta de colheita foi obtida através de estudo feito pela equipe de pesquisadores do médico Flávio Ailton Duque Zambrone, da Planitox, uma empresa de Campinas, São Paulo.
A pesquisa foi conduzida em cinco diferentes áreas produtoras de tabaco Virgínia no Rio Grande do Sul - nos municípios de Venâncio Aires, Boqueirão do Leão, Pelotas, Turuçu e São Lourenço do Sul - e avaliou a exposição potencial dérmica dos trabalhadores à nicotina e a forma adequada de proteção.
O procedimento de colheita ocorreu com tabaco molhado, que é o cenário mais favorável à contaminação, pois a umidade favorece a dissolução da nicotina das folhas, e consequentemente, há maior exposição do trabalhador. Participaram do estudo 18 pessoas, de ambos os sexos, não fumantes e com experiência na colheita. A análise e quantificação dos resíduos foram realizadas por métodos analíticos previamente validados, conforme preconizado pela Resolução RE no 899/2003 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ao analisar as amostras coletadas, o fator de penetração calculado foi de 2%, que é a quantidade de resíduo possível de penetrar através da vestimenta de proteção e alcançar a pele. Por isso, a conclusão da pesquisa foi de que a proteção é de cerca de 98%, mostrando que o uso da vestimenta de colheita reduz de maneira significativa e eficaz a quantidade de nicotina que pode estar potencialmente em contato com a pele do trabalhador.
Além dos investimentos feitos em pesquisas e no desenvolvimento da vestimenta de colheita, as indústrias do tabaco também vêm trabalhando pela conscientização, com o objetivo de preservar a saúde e a segurança dos produtores. Conforme o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os orientadores agrícolas recomendam e incentivam o uso correto da vestimenta, que é disponibilizada a todos os produtores integrados. "Também são feitos seminários de conscientização e campanhas de mídia e distribuídos folders que orientam sobre os cuidados necessários", acrescenta.
SAIBA MAIS:
- A vestimenta de colheita foi desenvolvida em 2009, com base em trabalhos de pesquisa conduzidos pelo professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e consultor em segurança do trabalho rural, Luiz Carlos Castanheira. Depois dos estudos junto a produtores rurais gaúchos e catarinenses, o pesquisador ajustou detalhes relacionados ao conforto térmico dos trabalhadores. O resultado foi uma vestimenta confeccionada em tecido fino de poliamida emborrachada e resinada, impermeável à água e com dispositivos adequados de ventilação.
- A Doença da Folha Verde do Tabaco, também conhecida como Green Tobacco Sickness (GTS), é uma doença ocupacional associada com a exposição dos trabalhadores à nicotina, durante a colheita do tabaco. A nicotina é um alcaloide presente nas folhas de tabaco, solúvel em água e lipídios, podendo ser absorvida pela pele, principalmente quando as folhas estão molhadas por chuva ou orvalho. Caracteriza-se como uma intoxicação cujos principais sintomas são dor de cabeça, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e tonturas.
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