sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

GAECO/MPRS CUMPRE MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO E DE INDISPONIBILIDADE DE BENS CONTRA EX-DIRETOR SUSPEITO DE DESVIAR DINHEIRO DE COOPERATIVA COM SEDE EM PELOTAS

 OMinistério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco – Núcleo Região Sul), desencadeou nesta sexta-feira, 2 de dezembro, uma operação contra possíveis crimes de apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro em prejuízo de uma tradicional cooperativa de laticínios com sede em Pelotas e que tem milhares de associados espalhados em 45 municípios da Região Sul do Estado.

Com apoio da Brigada Militar, estão sendo cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em quatro endereços residenciais em Pelotas e um comercial em Capão do Leão. A pedido do MPRS, três dos quatro alvos tiveram imóveis bloqueados que somam R$ 60,7 milhões, valor estimado do prejuízo causado.

De acordo com o coordenador do Gaeco – Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas, e o coordenador dos Gaecos, João Afonso Silva Beltrame, que conduzem a ofensiva, a investigação teve início há 3 anos a partir de representações protocoladas no MPRS, acompanhadas de farta documentação, que apontam possível apropriação de valores da cooperativa por um ex-diretor-presidente. Considerado o principal alvo da operação, ele permaneceu à frente da cooperativa até o desencadeamento de um processo de liquidação extrajudicial. Após criação de uma comissão voltada a pesquisar os motivos que levaram ao delicado quadro financeiro da empresa, foi possível constatar ter havido, ao longo dos 26 anos de sua gestão, progressivo e vertiginoso quadro de endividamento que, de forma intencional, não era exposto aos milhares de cooperados. A situação chegou ao ponto de a cooperativa, à beira da ruína, ter de suspender as atividades de leite e de manteiga.

Diversas Análises Técnicas elaboradas pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimp) confirmaram grande parte do afirmado nas representações. No mesmo sentido, o relato do auditor externo contratado pela cooperativa demonstra a utilização desta pelo ex-diretor-presidente para alavancar seus negócios pessoais. Tudo indica que efetivamente a cooperativa foi saqueada ano após ano, o que a levou ao quadro de autoliquidação, com um passivo praticamente impagável”, explica Caldas.


A investigação aponta que o ex-mandatário deixou a cooperativa com prejuízo superior a R$ 60 milhões. No período, além de acumular dívidas, destinou valores da empresa para pagamentos de despesas particulares e de seus familiares, depósitos em sua conta bancária pessoal ou repassados a empreendimentos da família. Em um dos negócios que ele fazia entre a cooperativa e esses estabelecimentos do qual ele e seus parentes eram sócios, foi constatado que, em 2015, a cooperativa pagou por 1.710 vacas da raça holandesa, mas só recebeu 816 animais.

 “Nada era exposto aos milhares de cooperados, que não faziam ideia da real dimensão do prejuízo. É provável que tenha havido manipulação dos dados contábeis apresentados, inclusive com a conivência da auditoria externa então contratada. Tudo isso reforça a necessidade de tornar indisponíveis bens dos investigados, de modo a, precipuamente, ressarcir os prejuízos suportados pela cooperativa e os respectivos cooperados”, complementa Beltrame.

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