quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Carta de escola alertando pais sobre violência e sexo em “Round 6” viraliza e tem apoio de Sociedade de Pediatria

 Uma carta aberta sobre os riscos provocados pela série “Round 6” no público infanto-juvenil, enviada aos pais de alunos da escola Aladdin, no Pechincha, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, viralizou em grupos de WhatsApp e ganhou o apoio de pediatras e profissionais da saúde.

Encaminhada com frequência no aplicativo, o documento cita preocupação com o fato de muitas crianças estarem assistindo ao conteúdo de “violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, pederastia e palavras de baixo calão”.

A carta foi redigida por profissionais da escola carioca, nesta semana, depois que alunos de 7 e 8 anos comentaram com professores sobre a série sul-coreana. Muitas crianças afirmaram que estavam acompanhando a trama ao lado dos pais, o que deixou pedagogos assustados.

Estranhamos muito isso, porque a série traz um teor inapropriado para a idade dos alunos. Sentimos necessidade de emitir esse alerta aos responsáveis”, conta Fabiana Barreto, coordenadora pedagógica do Jardim-Escola Aladdin, em atividade há 26 anos.  “Muitos pais nos agradeceram, e o que está nos surpreendendo é que isso repercute além da comunidade escolar. Alcançou uma proporção maior e abriu um debate.”

Sucesso mundial e série mais vista da Netflix, “Round 6” apresenta a história de pessoas que se envolvem num jogo mortal em busca de uma fortuna calculada em US$ 39 bilhões. Ao longo de nove episódios, os personagens se enfrentam em batalhas sangrentas que reproduzem brincadeiras infantis, como “cabo de guerra” e disputas com bolinhas de gude.

Presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, Katia Telles Nogueira adverte que a alusão a brincadeiras, na ficção, provoca uma sedução entre o público infantil. E isso pode causar danos psicológicos. Para a pediatra, o material não deveria ser visto por crianças na faixa dos 7 e 8 anos, pela inadequação do conteúdo, que tem classificação indicativa de 16 anos.

A recomendação é diferente para adolescentes. Segundo a especialista, pais deveriam assistir à produção ao lado dos filhos com mais de 12 anos e promover, em seguida, conversas críticas sobre a obra.

Proibir pura e simplesmente um adolescente de ver “Round 6″ é algo mais complexo. Os pais devem estar juntos dos filhos, gerenciando os horários a que eles têm acesso ao computador e ao streaming e propondo que a família assista à série junto”, diz Katia. “As crianças gostam dessa onda de K-pop. Elas ouvem as músicas e, muitas vezes, são atraídas para esse tipo de ação coreana. O que mais aconselho é a conversa entre pais e filhos. E se é para brincar, que seja fora da tela. Temos que tirar as crianças da tela. Este é nosso lema: menos tela, mais ação.”

A carta publicada pelo Jardim-Escola Aladdin salienta que a série “Round 6” tem sido assunto entre todos os alunos, inclusive aqueles com 7 anos, durante o recreio e os horários livres. “O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material”, argumenta o documento, acrescentando que a produção da Netflix é recomendada para maiores de 16 anos, de acordo com a classificação etária.

“As crianças acabam reproduzindo o que estão vendo… E a gente não quer ver nossos alunos brincando de “Batatinha Frita 1, 2, 3″ (algo presente na série), para depois fazerem gestos como se estivessem se matando”, frisa Fabiana.

Leia a íntegra da carta

Prezados,

A parceria entre escola, família e sociedade é fundamental para o sucesso da Educação. Sendo assim, nosso objetivo com esta carta é alertar aos responsáveis sobre algo que temos escutado durantes os dias com nossos alunos e tem nos chamado atenção.

No dia 17 de setembro de 2021, foi lançada na NETFLIX a série ‘ROUND 6’. A série coreana, com classificação etária de 16 anos, está batendo os ‘records’ de audiência, inclusive nas redes sociais como: Facebook, Instagram e Tik Tok.

O conteúdo da série que contém: violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, pederastia, palavras de baixo calão entre outras coisas tem sido assunto entre nossos alunos durante o recreio e horários livres.

A série, utiliza-se de brincadeiras simples de criança como: ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’, ‘Bolas de gude’ e outras, para assassinar a ‘sangue frio’ as pessoas que não atingem o objetivo final. O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material.

Lembramos, apenas para informação, que canais de Streaming como a NETFLIX e outros possuem a ‘Restrição de visualização por classificação etária’, uma ferramenta preciosa para que nossas crianças acessem somente o conteúdo apropriado à sua idade.

Sabemos que é responsabilidade da família decidir o que é melhor para suas crianças, mas enquanto educadores temos o dever de alertar e honrar o compromisso com a Educação. Certos de sua compreensão, nos colocamos a disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário.

Atenciosamente, Direção”

Fonte: Pampa

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