O Conselho Monetário Nacional (CMN) anúnciou recentemente novas regras para o uso do rotativo do cartão de crédito que deverão entrar em vigor em 1º de junho. Entre as mudanças, o destaque está para a limitação dos juros em atrasos e parcelamentos das contas no cartão que deverão seguir as existentes no contrato de crédito rotativo regular.
Outro ponto importante é o fim da exigência de pagamento mínimo de 15% da fatura para o cliente. Agora serão as instituições que definirão o percentual mínimo de pagamento em cada fatura, estabelecendo regras de acordo com suas políticas e perfil do cliente.
Por mais que possam parecer positivas, essas medidas não resolvem o problema, e dificilmente diminuirão a inadimplência. Afinal, por mais que o valor dos juros sejam diminuidos, as parcelas mensais continuarão com juros altos. Ou seja, o orçamento mensal do consumidor continuará comprometido.
A saída para o problema está menos em acompanhar as taxas e muito mais em se educar financeiramente. Quem chegou ao ponto de não conseguir pagar as parcelas mensais precisa fazer, imediatamente, um diagnóstico financeiro para rever sua situação e combater a verdadeira causa do problema.
O descontrole financeiro tem origem nos hábitos e comportamentos, portanto é preciso, em primeiro lugar, mudar as atitudes para sair desta situação. É válido também buscar uma modalidade de crédito mais barata que o cartão de crédito, mesmo considerando as taxas mais baixas da nova regra. Entretanto, trocar uma dívida pela outra não é a solução do problema, que tem origem comportamental.
O cartão de crédito é uma excelente ferramenta para quem sabe aproveitar seus benefícios, como serviços de milhagens e prêmios. Porém, se não for utilizada com consciência pode promover compras por impulso, é preciso ter responsabilidade na hora de consumir. É importante que as dívidas no cartão de crédito não ultrapassem 30% do salário ou ganho mensal, justamente para evitar o descontrole financeiro.
Para evitar que os gastos sejam maiores que os ganhos, é preciso compreender de que forma o dinheiro da pessoa ou familia é utilizado. Após um diagnótico financeiro, é mais fácil reduzir o padrão de vida, ou seja, viver de acordo com a sua realidade.
Veja 7 cuidados para o consumidor ao usar o cartão de crédito:
1- Com a mudança, por mais que o valor dos juros tenham diminuído, eles continual altos, por isso, caso perca o controle financeiro e não consiga pagar a fatura total do cartão no vencimento, é preciso fazer, imediatamente, um diagnóstico financeiro e descobrir a verdadeira causa do problema;
2- Buscar uma linha de crédito com taxas de juros menores é válido, contudo trocar uma dívida pela outra não é a solução. É preciso ter responsabilidade na hora de consumir; sempre se pergunte se realmente precisa do item, se tem dinheiro para comprar e também condições depagar o valor total da fatura no vencimento;
3- Se tiver apenas um ganho mensal, deverá ter apenas um cartão de crédito; caso ganhe semanalmente, poderá ter até três cartões, para os dias 10, 20 e 30. Com isso, poderá comprar seis dias antes do vencimento de cada um deles, ganhando 36 dias para pagamento;
4- O limite do cartão de crédito não deve ultrapassar 50% do salário ou ganho mensal. Assim evita-se gastar mais do que se recebe;
5- Ao fazer parcelas fixas, é preciso ter consciência que está comprometendo o orçamento mensal dos próximos meses, portanto é imprescindível controlar os gastos;
6- Evite o pagamento de anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção. Também nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que seja conhecida;
7- Uma forma educada financeiramente de utilizar o cartão de crédito é saber aproveitar os benefícios que ele pode oferecer, como prêmios e milhas.
Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Está a frente do canal Dinheiro à Vista no YouTube e é autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Diário dos Sonhos e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
DSOP Educação Financeira
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