terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A moeda digital que desafia o mundo e a economia

Bitcoin (BTC), moeda digital de maior amplitude atualmente, foi criada em 2008, logo após o estouro da crise econômica mundial. Mas só agora, nove anos depois, tornou-se protagonista do meio econômico. Popularizou entre os entusiastas da tecnologia e investidores, hipervalorizou-se - 1.800% só em 2017, passando de R$ 3 mil para R$ 68,5 mil - e chegou até o mercado futuro dos Estados Unidos, estreando com alta na Bolsa de Chicago. O inventor da moeda inclusive já figura entre os 50 mais ricos do mundo. Quem não ficou sabendo da moeda antes, arrependeu-se. Apenas U$ 25 em bitcoins em 2010 valem, hoje, aproximadamente US$ 24 milhões.
A criptomoeda é uma das existentes no mercado - há outras também em crescente valorização, como a Monero e Litecoin. Essas moedas podem ser resumidas como uma versão online do dinheiro. Por isso, não é possível tocar uma bitcoin, como as moedas de metal ou o dinheiro de papel. Tampouco contém valor intrínseco. Mas é valiosa porque está sendo trocada por bens ou dinheiro real. Palpáveis.
Tal qual o ouro, é um bem escasso - seu projetor, o australiano Craig Wright, criou somente 21 milhões de bitcoins. A cada dia restam menos. Porém, é possível comprar frações de Bitcoins. A compra é feita por sites e corretoras especializadas.
Quando adquirida, a BTC vai para uma carteira virtual - você pode até mesmo guardá-la em um pendrive. Isso porque sua criação é baseada na tecnologia blockchain (cadeia de blocos), solução que impede fraudes entre as transações. A tecnologia se assemelha a uma rede de blocos encadeados que carregam a transação financeira junto a uma impressão digital. Essa impressão é como uma função matemática que gera um código com letras e números representantes dos dados inseridos. A grande solução da tecnologia é que o bloco posterior pega a impressão digital do anterior e mais o seu próprio conteúdo. Com essas duas informações, gera sua própria impressão digital, em uma grande cadeia criptografada.
A BTC pode ser utilizada para comprar computadores da Dell, uma das empresas mundiais que aceita a forma de pagamento. Passagens de voo e algumas universidades do mundo também já aceitam as moedas digitais para financiamento dos estudos. No Brasil, tudo relacionado a criptomoedas ainda é muito incipiente - no entanto, é possível converter a moeda em dinheiro vivo e fazer compras da maneira convencional. Em Pelotas, nenhuma das três casas de câmbio consultadas pela reportagem trabalha com a bitcoin. Nem pretendem (por enquanto).
Por outro lado, é importante ressaltar - apesar de ser uma alternativa para quem não confia suas finanças aos bancos ou quer fugir das taxas do sistema tradicional, a bitcoin é uma moeda descentralizada. Ou seja, não depende da política monetária de um determinado país nem é emitida por um banco. Por não ser regulamentada por uma autoridade financeira, é considerada uma aplicação de alto risco.

É bolha?
O debate, agora, é a respeito da vulnerabilidade da criptomoeda. É ou não é uma bolha especulativa? Dois especialistas conversaram com o Diário Popular e tentam desatar este nó.
Guilherme Stein, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), acredita que o preço e a atual especulação são injustificáveis. “É uma bolha que se auto alimenta”, resume. Stein também chama atenção para a baixa transação da moeda. “É uma febre que chega até as pessoas sem conhecimento. As pessoas acham que vão ficar ricas, mas não é bem assim. Claro, existem investidores sérios. Mas estudos já mostram que dois terços dessa moeda não são transacionados. Grande parte desse fenômeno se deve à especulação”, explana.
Apesar das críticas, o economista prefere distinguir a tecnologia blockchain da especulação da bitcoin em si. “Essa tecnologia pode ser como a internet. Quando estava se desenvolvendo, nos anos 80 e 90, dificilmente poderia se antecipar as mudanças que vieram depois. Acredito que possa acontecer a mesma coisa com Blockchain”, arrisca. “É impossível não reconhecer que essa transação sem sistema bancário é interessante. Para transações em que há longas distâncias entre as partes a moeda virtual também é conveniente. Entre Porto Alegre e Pelotas, por exemplo, sem custos transacionais de banco”, cita. Ainda, o fato de que as moedas estão concentradas nas mãos de poucas pessoas torna esse mercado vulnerável à desvalorização, diz.
Fausto Vanin, consultor de negócios e tecnologia, também acredita no potencial da blockchain. “Ela permite um registro imutável e seguro de dados históricos. Isso serve para uma série de operações de registro, como documentos e certificados, como guardar a movimentação de peças e estoques distribuídos. Já existem centenas de soluções com blockchain. A tendência é que se torne uma megainfraestrutura, assim como temos a computação em nuvem”, compara.
Para o consultor, especialistas que colocam dúvida sobre a bitcoin não são especialistas em criptomoedas - e isso faz toda diferença. “São especialistas do mercado financeiro, do investimento tradicional e de grandes bancos que, ou ainda não tem conhecimento completo da tecnologia, ou não enxergam uma convergência do seu mercado com o de blockchain, e por conta disso têm opinião contrária”, diz. “É uma tecnologia que agrega um comportamento de moeda sobre toda uma plataforma digital. Isso proporciona um comportamento de mercado extremamente ágil, sólido, seguro e distribuído globalmente”, argumenta.
Vanin ainda arrisca que, no futuro, a blockchain possa suportar um movimento global econômico com custo baixíssimo e comodidade pros usuários. O maior desafio, afirma, é a criação de soluções úteis para o usuário final em criptomoedas. “Diversas instituições já buscam esse desenvolvimento, há empresas se especializando no tema. Órgãos governamentais também têm se movimentado para entender como vão se inserir nesse contexto. É muito mais uma maneira de como os governos querem atuar nesse contexto do que tentar regular as moedas, que já tem todo seu funcionamento regido por softwares”, conclui. A tendência, projeta, é que 2018 traga uma consolidação a respeito do tema.


Lembramos que o site São Lourenço do Sul em Foco aceita Bitcoin ( 14JF8sUQXtyn7ztGm4SisAu7gJnbjB4gSg ) e Litecoin ( LhbHyfntXqoiqejzZKVzNDEKrE4WXMhHat )

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