Existem textos em que, além do que está escrito, existe outra mensagem, que é necessária a compreensão para agirmos corretamente. Está incluído nisso a recomendação de Jesus: Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido.
Esta expressão constitui o título do capítulo XXVI de O Evangelho segundo o Espiritismo, cujos subtítulos são: Dom de curar; Preces pagas; Mercadores expulsos do templo; Mediunidade gratuita.
Nesse dito de Jesus, além do que está explícito, consta implicitamente que se pode receber retribuição, inclusive pecuniária, pelo que damos ou fazemos tendo custo para nós, e que se deve pagar pelo que recebemos tendo custo para outrem. Quem recebe gratuitamente o que tem custo para outros, obviamente assume uma dívida, que terá de pagar. De forma justa, a cada direito corresponde um dever, e vice-versa, e a justiça será feita, tanto para o credor, quanto para o devedor. Em sendo assim, ninguém tem o dever de dar coisas materiais ou prestar serviços profissionais gratuitamente, bem como ninguém tem o direito de exigir tais benefícios gratuitamente.
Jesus fez essa recomendação, de dar gratuitamente, aos seus discípulos, que não eram médicos, depois de instruí-los que curassem de doenças do corpo e da alma, além de proporcionarem o ressurgimento do Espírito dos mortos, em “ressuscitai os mortos”. Então, tais feitos, como hoje podem, somente poderiam ser feitos de forma mediúnica. Como o dom da mediunidade é recebido gratuitamente e o exercício da mediunidade ocorre com a colaboração de espíritos, que não podem receber pagamento, os benefícios que a mediunidade proporciona são um exemplo do que deve ser dado gratuitamente. Outros exemplos são: 1) o algo mais que se pode dar em atenção e bondade em qualquer outra situação, como durante o trabalho remunerado; 2) as preces; 3) o atendimento espiritual no centro espírita, e em qualquer templo religioso.
Moralmente, pelo que tem custo financeiro cada um pode cobrar preço. O que for recebido gratuitamente é o que se deve, e o que Jesus recomenda, dar gratuitamente.
Fonte: Texto de Mario Luiz de Farias – Professor do IFSUL, articulista e palestrante espírita.
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