O medo da demissão segue assombrando os brasileiros. Só em 2016, o desemprego chegou a 12% da população economicamente ativa, com 12,3 milhões de desocupados. E vem mais pela frente: um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que serão 3,4 milhões de novos desempregados no mundo neste ano – 35% deles no Brasil. Isso representaria 1,2 milhão a mais de brasileiros procurando trabalho em 2017. Ou seja, ninguém está livre deste fantasma.
– Quem está despreparado para ficar desempregado está errado. Essa condição é sempre uma possibilidade real, e é preciso estar precavido – destaca o educador financeiro Thiago Nigro.
Consultores alertam que é fundamental ter uma reserva financeira para uma eventual perda de renda, acompanhar se o patrão deposita corretamente o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e manter as despesas sob controle, conhecendo onde estão os principais gastos e as dívidas.
Principal amparo do trabalhador demitido, o FGTS deve ser usado com sabedoria. Engana-se quem pensa que é melhor usar o valor de uma só vez para pagar dívidas: é preciso manter o dinheiro reservado para as contas diárias. – Caso use o FGTS para antecipar as contas, pode ser que sobre um valor baixo para sustentar as prioridades depois – diz Nigro.
O desemprego também exige uma mudança drástica nas finanças domésticas. É essencial cortar gastos supérfluos, inclusive reunindo a família para que todos contribuam até que a situação melhore. Prevendo o quanto receberá como indenização pela demissão, será possível projetar um orçamento para os próximos meses.
– É preciso priorizar o que real-mente é fundamental nesse período. Alguns gastos que devem ser repensados podem ser de TV a cabo, celulares e smartphones, baladas e idas a restaurantes, água e energia e outros pequenos custos – recomenda Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira.
Também é preciso verificar as dívidas ativas, em dia ou atraso, e tentar a renegociação. O caminho é entrar em contato com credores e explicar a nova situação, de perda de renda, e negociar alongamento de prazos ou descontos nos juros para seguir pagando.
DE OLHO NAS CONTAS
Sete passos para reorganizar o orçamento
- Analise todos os gastos mensais e veja o que será necessário manter e o que poderá ser descartado. Também levante informações sobre dívidas e verifique se alguma poderá ser eliminada a partir de uma renegociação com credores.
- Tenha em mãos o quanto será recebido em indenizações pela rescisão (FGTS, multas, férias, 13º salário etc). A empresa é obrigada a passar esta informação. Também contabilize o quanto tem em poupança para emergências.
- Conhecendo o bolo financeiro a ser recebido e os gastos fixos mensais, organize-se para superar os meses que virão pela frente, da forma mais econômica possível.
- Fuja de empréstimos em bancos e financeiras, do cartão de crédito e do cheque especial, pois não há garantia de quando você terá um novo emprego para pagar a dívida. Se precisar de dinheiro, converse com amigos e parentes, mais sensíveis a sua dificuldade.
- Elimine gastos desnecessários, convidando toda a família a contribuir. Pode-se trocar a TV paga por filmes, séries e documentários online, deixar de usar fone fixo, trocar os planos de telefonia móvel e internet por opções mais baratas.
- Por mais que pareça correto querer quitar dívidas com o valor da rescisão, isso pode ser um erro, pois, se usar muito deste dinheiro, estará sob risco de ficar sem receita para cobrir os gastos à frente.
- Além de emprego, busque uma renda extra. Artesanato, jardinagem, música, revenda de produtos e até bicos podem gerar um apoio valioso nessas horas.
FONTE: Educadores financeiros Thiago Nigro e Reinaldo Domingos
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