Não à privatização do Banrisul, defende Zé Nunes na tribuna da AL
O deputado estadual Zé Nunes (PT) utilizou o período do Grande Expediente na sessão plenária da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (20) para defender a importância do Banrisul como banco com controle público, voltado ao desenvolvimento do estado. O parlamentar criticou a informação que tem sido divulgada na imprensa de que o processo de negociação da dívida do Estado com a União estaria condicionando o acordo à privatização do Banrisul. “Embora os representantes do governo não confirmem publicamente, sabemos que o risco existe”, afirmou.
Durante o Grande Expediente, foram concedidos apartes a deputados de várias bancadas, entre elas PTB, Psol, PCdoB e PDT. O presidente da Casa, deputado Edegar Pretto (PT), afirmou que Zé Nunes deu a oportunidade para diversas bancadas se manifestarem contrárias à privatização do Banrisul. Na mesa de autoridades da sessão plenária, estavam presentes, entre outros, o ex-governador e ex-funcionário aposentado do Banco, Olívio Dutra.
Lucrativo
Zé Nunes reforçou que o Banrisul é um banco lucrativo. Teve lucro de, aproximadamente R$ 659 milhões, em 2016, com patrimônio líquido de R$ 6,4 bilhões. Em 2015, o lucro foi superior a R$ 848 milhões. O parlamentar disse que “o Banrisul é uma instituição sólida, lucrativa, com identidade histórica e cultural com a população gaúcha e profundamente ligada ao desenvolvimento do Estado, com grande alcance geográfico e capilaridade na maioria dos municípios.”
Neoliberalismo
Zé Nunes apontou o neoliberalismo como o principal responsável pelos problemas socioeconômicos e entraves ao funcionamento do mercado e dos agentes econômicos privados. Disse que essa ideologia defende a retirada do Estado da economia e a total liberdade ao mercado para garantir a expansão dos negócios. Durante o pronunciamento, ele afirmou que esta visão, “na prática política, traduz-se pela defesa da desregulação das relações de trabalho, privatização de empresas estatais, extinção de instituições públicas. Nós discordamos dessa concepção política e ideológica. Defendemos outro caminho.”
Crise
O período de crise no país, em 2008, conforme manifestou Zé Nunes, mostrou a importância dos bancos públicos no desenvolvimento socioeconômico. “Imagino o que teria acontecido se o Brasil contasse apenas com o setor bancário privado. Que consequências haveria para a população”, questionou o deputado. De acordo com ele, hoje, a maioria dos estados brasileiros não têm banco próprio, o que dificulta a implementação de muitos programas públicos.
Decisões equivocadas
Zé Nunes advertiu que as referências históricas mostram os caminhos a serem evitados e “as decisões equivocadas que outros governos tomaram, bem como as suas consequências.” Em 2007, o governo Yeda Crusius, do PSDB, vendeu parte do Banrisul. Foram repassadas 43% das ações, cujo valor, na época, rendeu R$ 1,2 bilhão. “O recurso”, de acordo com Zé Nunes, entrou no caixa do governo e ajudou a governadora na propaganda do déficit zero. “Vender o patrimônio público foi um bom negócio?”, indagou. “Para o povo gaúcho foi péssimo.”
Soluções milagrosas
Com a abertura de capital, de 2007 a 2016, o Estado deixou de receber R$ 843 milhões, valor dos dividendos pagos aos acionistas. Em 2015, o Banrisul comprou a folha de pagamento dos servidores do Estado pelo montante de R$ 1,2 bilhão. “Ao analisar tais números, facilmente identificamos que se desfazer de parte do Banrisul, a médio e longo prazo, foi um tremendo equívoco”, ressaltou Zé Nunes. Para ele, de tempos em tempos surgem “soluções milagrosas” que se apresentam como únicos caminhos possíveis para solucionar os problemas. Muitas vezes, “nada mais são de que repetições”, afirmou o parlamentar, ao lembrar que no governo Britto, o Banrisul quase foi privatizado.
Federalização
É de amplo conhecimento público também a intenção do governo estadual de privatizar empresas estatais, caso da CEEE, Sulgás, CRM, do setor energético, “empresas rentáveis e que têm papel estratégico para o nosso desenvolvimento”. Zé Nunes reafirmou que “o governo terá em nós uma forte oposição a esse intento, que consideramos outro grande equívoco”. Reforçou que o Banrisul deve continuar como banco público estadual, como patrimônio de todo povo gaúcho. Para tanto, acredita, que “precisamos unir forças, dizer não à privatização do Banrisul e rejeitar a proposta de federalização, que nada mais é do que a antessala da privatização, porque não interessa ao governo federal mantê-lo público”.
Frente parlamentar
Por iniciativa do deputado Zé Nunes, está sendo criada a Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, um instrumento em defesa da manutenção do banco com controle público. “O Banrisul é o Rio Grande que dá certo e precisa do apoio de todos. A proposta de renegociação da dívida dos estados, apresentada pelo governo federal, aponta para a privatização de empresas estatais nos estados, como o Banrisul.” O banco público como o Banrisul está no rol destas privatizações, afirmou Zé Nunes.
Governo não pretende privatizar o Banrisul e defesa do banco pelo PT é oportunista, diz Pedro Pereira
Ao fazer um contraponto ao deputado Zé Nunes (PT), durante grande expediente em defesa do Banrisul como instituição financeira pública, nesta terça-feira (21), na Assembleia Legislativa, o deputado Pedro Pereira enfatizou, em nome da Bancada do PSDB, a contrariedade dos tucanos quanto a privatização do banco do Estado. Pereira considerou oportunista a Frente Parlamentar lançada pelo petista em apoio ao Banrisul, tendo em vista que o governo do Estado não pretende vendê-lo.
Pereira disse, ainda, que ao contrário do que foi dito por Zé Nunes na tribuna, a abertura do capital do Banrisul, realizada em 2007, no governo Yeda (PSDB), proporcionou o crescimento do banco. 'A abertura do capital não foi um equívoco, como disse o deputado Zé Nunes, pois um ano depois, o banco registou lucro recorde, o maior da história da instituição gaúcha, 153,4% superior ao alcançado no ano anterior", afirmou. Pereira lembrou que o lucro líquido do Banrisul em 2007 chegou a R$ 916,4 milhões.
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