O presidente Jair Bolsonaro insinuou nesta segunda-feira que pode desistir da candidatura à reeleição em 2022 caso não seja aprovada no Congresso a impressão dos votos das urnas eletrônicas. Em um discurso já recorrente, o presidente afirmou aos apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, que “eleição sem voto auditável não é eleição, é fraude”.
Bolsonaro disse ainda que os votos das urnas eletrônicas serão auditados dentro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), “de forma secreta” e “pelas mesmas pessoas que liberaram o Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] e o tornaram elegível”.
Na realidade, todos as fases da votação, segundo o TSE, são auditáveis e podem ser acompanhadas por integrantes dos partidos políticos do país. O retorno do voto impresso foi testado em 2002 e descartado por várias falhas no processo.
“Olha, eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar eleição…”, deixou no ar Bolsonaro. “Agora, participar dessa eleição com essa urna eletrônica…”, completou, dando a entender que pode não concorrer à reeleição se não houver a mudança.
A declaração é um recuo em relação ao que disse no dia 9 de julho, quando declarou que se não houvesse a impressão dos votos poderia não haver eleição em 2022. O chefe do Executivo foi além na análise. De acordo com ele, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, interferiu no Poder Legislativo para barrar o voto impresso no Congresso.
“O Barroso foi para dentro do Parlamento fazer reunião com os congressistas. E acabou a reunião, o que vários líderes fizeram? Trocaram os parlamentares pra votar contra o parecer do deputado Filipe Barros [PSL-PR], relator do projeto”, disse.
Em sua visão, a urna eletrônica tem tecnologia defasada e é falsa a informação de que o sistema do TSE é inviolável. O presidente justificou a falta de pressa na conversa de mais de 20 minutos com os apoiadores em Brasília. “Estou sem agenda”, contou. O dia, brincou, será dedicado à cobrança dos ministros.
Bolsonaro ficou internado entre quarta-feira e domingo para tratar uma obstrução intestinal. “Não teve nada a ver com a motociata. [O problema] Começou em Porto Alegre, mas foi um churrasco. Enchi a pança”, explicou.
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