Ação, que aconteceu no dia 23, contou com a presença de estudantes, professores e pessoas da comunidade lourenciana
Na última sexta-feira, 23, estudantes, professores e pessoas da comunidade lourenciana se reuniram em um mutirão de limpeza. Na ocasião, os participantes, divididos em dois grupos – um por terra e um por água - coletaram resíduos presentes na orla e nas águas do Arroio São Lourenço. Com três horas de trabalho, foram arrecadados cerca de 800kg de material, em trecho de apenas um quilômetro.
Chamou a atenção do grupo a grande quantidade de lixo acumulada em torno do estaleiro lourenciano e da praia do camping municipal. Entre os resíduos descartados indevidamente, estavam aparelhos de televisão, partes de geladeira, cadeiras, restos de roupas, redes de pesca, lonas, sacos plásticos, pedaços de isopor e garrafas plásticas pet e de vidro.
A ação integrou a programação da Acolhida Cidadã 2022/2, evento que recepcionou calouros e veteranos para dar início ao segundo semestre letivo da universidade, e foi organizada pelo curso de Licenciatura em Educação do Campo (Ledoc).
Com extensão total de 34 km, além de embelezar as paisagens do município, o Arroio São Lourenço também é fonte de renda para diversas famílias lourencianas que atuam com a pesca artesanal.
Coordenadora da Ledoc e uma das proponentes da ação ambiental, a professora Patrícia Lovatto conta que a ideia para a realização do mutirão surgiu a partir de reflexões realizadas em sala de aula, em disciplinas que discutiam a saúde dos ecossistemas costeiros e os impactos da ação humana à dinâmica da fauna aquática nesses locais.
“Muitos animais acabam morrendo por ingerir lixo por engano, achando que são águas-vivas ou organismos da cadeia alimentar”, destaca a docente, apontando que a região registra grande número de óbito de peixes, tartarugas e arraias.
Patrícia também explica que, nas disciplinas, os estudantes perceberam que o lixo depositado indevidamente auxilia na proliferação de organismos que são vetores de doenças, como a dengue e a leptospirose, o que traz impactos diretos à saúde pública; e que o acúmulo de resíduos em arroios e rios compromete o escoamento dessas águas e no caso de muita chuva, contribuindo para alagamentos.
A partir da reflexão teórica dos últimos semestres, o grupo percebeu que era hora de propor uma ação prática para agir sob a situação posta. Assim, a ideia do mutirão vem sendo desenhada desde o início do primeiro semestre letivo de 2022, em abril.
Compreendendo a importância da união para viabilidade da ação, estudantes e professores se mobilizaram em busca de apoiadores. Uma dessas parcerias foi com a Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de São Lourenço do Sul (Coopeforte), que já tem aproximação com a FURG e deu o destino correto ao que foi coletado. “Não faria sentido a gente coletar esses resíduos sem dar um destino adequado, e entendemos que também é necessário fazer a reflexão sobre a importância do movimento das famílias catadoras no nosso município e também de políticas públicas que fortaleçam esse movimento”, pontua a coordenadora Patrícia.
Infelizmente, ela conta que grande parte do que foi retirado do arroio no dia 23 não pode ser reaproveitado, por não ser passível de reciclagem. “Foi doloroso pra nós, porque o desejo é que a gente pudesse qualificar o material e que ele servisse para essas famílias. A cooperativa, entretanto, participou ativamente da ação, e, para a nossa surpresa, recebeu todo o material, manifestando interesse em estar junto conosco em outras atividades”, afirma.
Emerson Almeida, um dos catadores associados da Coopeforte, agradeceu à universidade por lembrar sempre do grupo. “Estamos muito contentes em sempre poder ajudar da melhor forma para mantermos nossa cidade limpa. Agradecemos a todos pelo excelentíssimo trabalho realizado pela FURG”, reiterou, em contato realizado após o mutirão.
Outra parceira da atividade foi a professora Daniela Lessa, que realiza um projeto de revitalização do Arroio São Lourenço com crianças da Escola Municipal de Educação Infantil Turma do Puff. Com o objetivo de fortalecer a consciência ambiental entre os pequenos, a partir da sua orientação, a turminha realiza permanentemente o plantio de mudas nas margens do arroio, aprende sobre as espécies nativas da região e também realiza coleta de resíduos. No mutirão, ela representou os pequenos, que, em virtude do frio e o vento daquele dia, não puderam integrar a ação.
Por fim, a realização de coleta por água só foi possível com a contribuição do lourenciano Juninho Caiaques, que, voluntariamente, cedeu o material necessário, como caiaques, coletes e remos. “O Juninho relatou que, apesar de ter participado por oito anos fazendo expedições pelo arroio e pela lagoa, nunca havia feito uma ação de coleta de resíduos. Então foi muito legal ver a empolgação dele em participar dessa atividade e de levar a filha de 18 anos pra realizar a coleta também”, diz Patrícia.
De acordo com a docente, um maior cuidado com a natureza possibilitaria ao município, inclusive, o investimento em turismo ecológico, modalidade, que, segundo ela, ainda não tem sido explorada.
“Nós temos aqui, na nossa Lagoa, inúmeras espécies de aves migratórias, mamíferos e peixes que fazem parte dessa biodiversidade local e que não vêm sendo consideradas e visibilizadas pela sociedade. Esses animais estão comprometidos pela forma que a gente vem tratando da natureza em São Lourenço do Sul. Como a cidade é considerada a Terra de Todas as Paisagens, a natureza deveria ser a nossa maior aliada quando a gente pensa em desenvolvimento econômico, em saúde, em bem-estar, em qualidade de vida”, entende.
Continuidade de ações
Ela e os demais participantes ficaram impressionados com a quantidade retirada em um trecho tão pequeno. “Enquanto estávamos coletando, uma senhora que mora próximo ao local relatou que em seguida vê pessoas parando de carro e jogando grandes quantidades de lixo dentro do arroio. Ela comentou que fica indignada com essa situação, e isso, com certeza, é muito grave, pois esse lixo gera um grande desequilíbrio ambiental”.
Para a estudante, esse é o primeiro passo de outros mutirões que serão realizados posteriormente. “Espero que com a atitude de todos que se empenharam por um bem maior faça com que as pessoas descartem lixo corretamente, e que com isso as pessoas possam ter um olhar mais cuidadoso com a nossa cidade e que enxerguem na nossa ação um caminho onde possam contribuir também para não ser uma causa só nossa, mas também de todos”.
Segundo o grupo, um novo mutirão está sendo organizado para o final de outubro e será aberto à comunidade. O objetivo é estabelecer parcerias com mais apoiadores, entre eles, a Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente (Seplama).
Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, podendo ser prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em caso de segundo turno.
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Secretaria de Comunicação - Secom | FURG
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