As reiteradas negativas do governo gaúcho quanto à intenção de alterar o status do Banrisul foram confrontadas por informação divulgada nesta quinta-feira (13) na coluna do jornalista Túlio Milman, do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. De acordo com a versão digital da coluna, representantes de fundos de investimentos de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Estados Unidos teriam vindo ao estado na última quarta-feira para investigar a possibilidade de privatização do Banrisul e da CEEE. Eles teriam sido recebidos pelo governador Ivo Santori e pelo responsável pela Junta de Coordenação Financeira, Flávio Pompermayer, além de técnicos e deputados na Assembleia Legislativa.
O governo estadual tem negado a intenção de incluir o banco no processo de renegociação da dívida do estado com a União, ainda que esta possibilidade tenha sido admitida em fevereiro pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e o Núcleo de Servidores do Banrisul vêm alertando para o risco da privatização ou federalização do banco público desde o início do processo de negociação entre governos estadual e federal. O alerta teve eco na Assembleia Legislativa e o deputado Zé Nunes (PT) assumiu a defesa do caráter público e estadual do banco, instaurando a Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, instalada oficialmente em 20 de março deste ano, após coletar assinaturas de parlamentares de diversos partidos, inclusive da base de apoio ao atual governo.
Com espaço no poder legislativo, a Frente passou a antecipar uma reação ao que, enfim, a informação da coluna consagrou: a ameaça de privatização ou federalização do Banrisul está presente nas discussões entre os governos Sartori e Temer e o mercado. Trata-se, na opinião do coordenador da Frente, deputado Zé Nunes, de uma intenção oculta, que pode ser executada- a privatização-sob a atenuante da federalização. Federalizado, o Banrisul, sob a gerência de Brasília, seria privatizado, numa tentativa de reduzir os impactos da venda do banco junto à opinião pública.“Federalizar significa apenas transferir o processo de privatização do banco para a esfera federal”, vaticina o deputado.
A Frente Parlamentar vem atuando junto às entidades de representação dos bancários e à sociedade para fomentar o debate sobre o caráter do banco e a necessidade de manter a sua atuação como instituição pública, ferramenta de propulsão de políticas públicas, presente em todo o território gaúcho. Em quase uma centena de municípios, o Banrisul é a única agência disponível, a instituição opera financiamentos à agricultura familiar e a micro e pequenas empresas, além de aportar recursos ao caixa estadual por ser uma instituição lucrativa.“Não há uma razão confiável para a venda de ativos ou federalização do benco, a não ser a intenção do alinhar mais este patrimônio público ao projeto político vigente no Rio Grande do Sul e o Brasil, de viés privatista”, afirma Zé Nunes.
A partir da divulgação da visita dos investidores, acredita o deputado, as reais intenções do governo ficam mais claras e a reação mais direcionada. A Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público já trabalha para acentuar a criação de comitês municipais e realizará um conjunto de audiências públicas municipais para ampliar o debate sobre este tema e dar a ele a dimensão necessária para evitar que a população seja excluída de uma decisão do porte de se desfazer de uma estrutura pública fundamental par o desenvolvimento do estado, como é o Banrisul.
Texto: Denise Ritter
Assessoria de imprensa do deputado Zé Nunes
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