O final da safra de tabaco é marcado pela recuperação dos preços em relação ao início frustrante. Segundo informativo da Emater/RS o preço varia de R$ 100,00 a R$ 135,00 por arroba na Região Sul. Apesar disso a categoria produtora está atrás de melhor valorização do produto com classificação da empresa compradora ainda na propriedade.
A proposta foi oficializada com o projeto de lei 204/2015, do deputado Zé Nunes, que tramita por aprovação na Comissão de Constituição e Justiça Assembleia Legislativa, mas segundo presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf-Sul), Tiago Klug, o debate é antigo entre os produtores.
“As folhas de tabaco são o único produto que não sai com o preço acertado da propriedade, ficando a classificação dependente da avaliação da empresa compradora, sem chances de negociação”, explica Klug.
Ele conta que, no início da safra, a classificação ficou muito abaixo do que os produtores esperavam. Agora com a necessidade de compra da matéria-prima pelas empresas, a procura começou a melhorar. Até o momento a média de comercialização já se mostra até 30% mais baixa que o esperado nos municípios de São Lourenço do Sul, Canguçu e Camaquã.
A compra do tabaco por empresas integradoras obedece a um sistema de classificação estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) através de Instrução Normativa.
O problema é que, apesar dos agricultores serem orientados a classificar e separar as folhas por tamanho e aparência, a cotação é anunciada somente quando o produto já está na empresa e quase sempre abaixo do esperado.
O PL dispõe sobre a classificação do tabaco nas propriedades dos agricultores produtores no âmbito do estado do Rio Grande do Sul. Assim, as empresas que comercializam e/ou industrializam tabaco ficariam obrigadas, a partir da data de publicação, a realizar a classificação da folha no ato da aquisição.
“Não queremos em momento algum prejudicar a relação da empresa com o produtor e, sim, contribuir para que esta relação seja franca e justa”, reforça Nunes.
Projetos semelhantes já tramitaram na Assembleia Legislativa, pelos deputados Mário Limberger, Pepe Vargas, Elvino Bohn Gass e Luis Fernando Schmidt, e na Câmara dos Deputados, por Adão Preto.
Situação atual
Até o ano de 2000, a classificação era pública e obrigatória. Atualmente, há apenas uma definição de padrão de qualidade. O gerente-adjunto de classificação da Emater, Gilceu Cipollat, garantiu que a empresa não tem poder de fiscalização da classificação, já que não há obrigatoriedade nesta tarefa.
De acordo com ele, cabe à Emater/RS fazer a mediação da comercialização e extinguir possíveis dúvidas na qualidade do produto, não interferindo na formação do preço.
Importância
A produção de tabaco é uma atividade realizada por milhares de famílias que têm nesta produção a sua maior fonte de renda. No Rio Grande do Sul, são cerca de 80 mil famílias que trabalham com fumo, responsáveis por mais de 50% da produção nacional.
O resultado da colheita representa pagar as contas, proporcionar renda para a qualidade de vida da família ou até a própria sobrevivência das pessoas.
De acordo com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), apesar da pequena lavoura plantada, o cultivo representa 53,1% da renda familiar dos agricultores.
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