O que era para ser uma viagem tranquila de família, virou um susto. O lourenciano Jefferson Dieckmann, junto com a companheira Márcia, foram visitar os filhos dela, Alana e Alexandre Tomazetti, naturais de Bagé e que moram na cidade de Kocaeli, próximo da província de Izmit, a cerca de cem quilômetros de Istambul. A segunda-feira (6) foi de espanto ao acordar com as notícias de que o terremoto de magnitude 7.8, o maior registrado desde 1939 na Turquia, tinha deixado um rastro de mortes. Até o fechamento desta reportagem, eram mais de três mil óbitos registrados entre Turquia e Síria, além de milhares de desaparecidos ou feridos em situação grave.
Escritor e presidente da Academia Internacional de Artes e Letras Sul-Lourenciana, Dieckmann estava no país para comemorar seu aniversário, no fim de janeiro, e visitar os familiares na companhia de Márcia. Porém, o cronograma das férias mudou: o turismo vai ficar para outra hora, com medo das réplicas do terremoto, que são situações em que o tremor se repete, em escala menor, na sequência de um abalo inicial.
Quando conversou com a reportagem, por volta das 15h30min de Brasília - 21h30min no horário local -, o escritor contou que a neve começava a cair, a temperatura se aproximava de 0ºC e ele e os familiares permaneciam próximos à porta da casa, com roupa de ir para a rua, como casacos e botinas, e com itens básicos, como passaportes, nas mochilas. As medidas eram para caso houvesse algum tremor e fosse necessário deixar o local rapidamente. "Tu percebes que a vida humana é muito frágil. Tu estás bem e, em cinco minutos, pode cair um prédio por cima de ti", comentava.
Na região da Turquia em que ele e a família estão, não houve tremor e estragos. Porém, o clima era de apreensão geral. Alana contou que na segunda (6) por volta das 6h foi até o aeroporto levar uma amiga quando soube pelo taxista do que havia acontecido. Naquele momento, eram apenas oito mortes. Número que rapidamente aumentaria. Na sequência, enquanto a amiga aguardava o voo, presenciaram cenas de choro e tristeza. "Estava um caos, as pessoas estavam chorando muito. Muitas pessoas rezando no chão", descreveu. Equipes de resgate também corriam pelo local, apressadas para embarcar rumo ao epicentro a fim de ajudar na busca por vítimas.
O temor em Izmit se justifica. Em 1999, um abalo de magnitude entre 7.5 e 7.6 deixou 17 mil mortos, segundo os dados oficiais, e mais de meio milhão de pessoas sem casa. "Muitas pessoas que conheço não têm família porque todos morreram nesse terremoto", lembrava Alana. Há até uma preparação social, segundo ela, com ginásios abertos e ações humanitárias sendo organizadas para prestar ajuda à região. Ela própria experienciou um tremor em dezembro. "A sensação é horrível." Ela lembrou que, tendo dificuldades para se manter equilibrada durante aquele tremor, ela e o irmão tiveram que ficar na rua por cerca de duas horas com vizinhos, em lugares abertos.
Cenário
Alana diz que nos grupos de imigrantes de Izmit, que participa, há pessoas desaparecidas, como um rapaz da Tunísia. Teve, também, um relato de um morador de outra cidade, Adana, dizendo que boa parte dos vizinhos morreram. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o epicentro foi na cidade de Gaziantepe, na fronteira com a Síria. Pelo menos 78 tremores secundários foram sentidos na sequência, incluindo um terremoto de escala 7.5, no início da tarde em horário local, segundo a organização. Durante o fechamento dessa edição, os dados da agência Reuters apontavam 1,7 mil mortes na Turquia e 1,3 mil mortes na Síria.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que 45 países ofereceram ajuda. Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que as Nações Unidas estão "totalmente empenhadas em apoiar a resposta", com equipes já no local. Diversos países confirmaram o envio de apoio humanitário, entre eles o Brasil. O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota na qual manifesta solidariedade e condolências aos povos atingidos. "O governo brasileiro está providenciando formas de oferecer ajuda humanitária às populações afetadas pelo terremoto.", Até o fechamento desta edição, não havia registro de mortes ou desaparecimentos de brasileiros.
Como ajudar
Segundo a família entrevistada acima, estas são as principais formas de ajudar à distância:
- O governo criou um portal para receber ajuda financeira, em euros, dólar ou liras turcas. bit.ly/ajuda-turquia
- A rede de voluntários Akut também aceita doações em euros, dólar ou liras turcas: bit.ly/ajuda-turquia2
- A ONG Ahbap aceita doações em liras, via cartão de crédito, em: http://bit.ly/ajuda-turquia3.
Informações: Por Lucas Kurz
lucas.kurz@diariopopular.com.br
Diário Popular de Pelotas
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