O documentário "Memórias do Esquecimento: A efervescência de São Lourenço do Sul nos tempos da Ditadura" foi lançado no último domingo (28), em semana que o Brasil completa 57 anos do Golpe Civil-Militar de 1964.
Financiado pela Lei Aldir Blanc, o projeto foi idealizado pelo advogado Pedro Henrique Farina Soares e contou com a colaboração da jornalista Gabriela Schmalfuss Borges. Ambos fazem parte do Vozes em Movimento, coletivo que atua em São Lourenço do Sul/RS desde 2015 na produção e divulgação de conteúdo de caráter independente, promovendo também eventos culturais, como cines-debate, rodas de conversa e saraus temáticos.
Com o documentário, adupla afirma que buscou - dentro de seus limites - estabelecer uma espécie de "Comissão da Verdade" do pequeno município, localizado às margens da Lagoa dos Patos e cerca de 60km distante de Pelotas. Com o projeto finalizado, acreditam que, de certa forma,o objetivo foi alcançado.
Pedro Henrique reconhece que o tema da ditadura está intrinsecamente ligado à sua trajetória humana e acadêmica. “São anos tentando compreender o que se passou naquele período e qual a razão desse passado insistir em continuar nos rondando, se tornando cada vez mais presente”, destaca.
O produtor explica que perdeu as contas de quantas vezes ouviu comentários de que São Lourenço era tranquila e que não guardava qualquer marca de repressão do regime ditatorial que assolou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985, mas que reproduzir este pensamento é um engano. Desta forma, teve a ideia para o título “Memórias do Esquecimento”, que também é uma homenagem ao livro de mesmo nomedo jornalista gaúcho Flávio Tavares.
“Tivemos sim efervescência política e cultural no período da ditadura civil-militar.
Assim como em grandes centros do país, o município registrou prisões políticas, censura, movimentos estudantis, quebra de costumes e construção de utopias de um mundo mais justo e igualitário”, afirma. Para ele, resgatar essas histórias é recuperar aquilo que nos constituiu e ainda nos constitui enquanto comunidade e seres políticos que somos.
O documentário conta com quinze depoimentos. A produção entrevistou pessoas que
dentro de suas realidades contribuíram, seja no movimento estudantil, no cenário cultural ou no ambiente político, para fortalecer a cultura e o debate na cidade entre os anos de 60, 70 e 80, período de forte restrição das liberdades individuais e coletivas.
Também foram consultados arquivos históricos, como documentos do Arquivo Nacional, jornais da Biblioteca Municipal e livros sobre a história do município, além de fotos e áudios de programas de rádios cedidos pelos entrevistados.
O vídeo completo está disponível no link:https://www.youtube.com/watch?v=rLVv88_vHPU&t=4s
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