Por Marcos Morita
É fato. Como empregados, somos acostumados a pedir, solicitar, reclamar, protestar e reivindicar por melhores condições de trabalho: salários, bonificações, abonos, auxílios, vales, adiantamentos, dissídios, reajustes e férias. Talvez consequência dos movimentos ludista e cartista ocorridos no século XVIII, quando engatinhávamos na relação empregado versus empregador, lutando pela extinção do trabalho infantil e de jornadas que beiravam 80 horas semanais. Ou dos movimentos sindicais no início dos anos 80.
E já que estamos em épocas de vacas magras, que tal reformularmos nossas atitudes? E se deixarmos de lado a cobrança e adotarmos uma postura mais gentil, produtiva, proativa e colaborativa? Não obstante soar estranho, a mudança poderá trazer maior disposição para encarar a segunda-feira, suportar o mau humor do chefe ou as pesadas cobranças do dia a dia. Isso tornará sua vida corporativa um pouco mais leve e descontraída. Seguem algumas valiosas dicas que aprendi gerenciando, liderando ou simplesmente observando.
1. Olhe sempre a parte cheia do copo
Há pessoas que adoram enxergar a parte ruim e o lado negativo das coisas. Pessimistas, fazem questão de analisar em profundidade tudo o que lhe é apresentado, encontrando sempre algum ponto que sirva como base para minar o projeto, a proposta ou a melhoria, olhando a metade vazia do copo. Profissionais inteligentes também se encaixam nessa categoria. Eles poderiam ter melhores chances caso utilizassem seu tempo e capacidade analítica na outra parte do copo.
2. Seja positivo
É comum que o pessimista se enquadre na categoria dos que reclamam por default, às vezes jogando a toalha antes mesmo que uma ideia seja concluída ou uma tarefa requisitada por completo. Esses costumam ficar de fora dos melhores comitês, já que nem todos os gestores suportariam ter voluntariamente em suas equipes um personagem como a hiena do seriado infantil Lippy e Hardy, de Hanna Barbera, famosa pelo bordão: ó dia, ó vida, ó azar.
3. Faça bem feito e na primeira vez
Parece difícil, mas não é. De acordo com uma pesquisa divulgada mês passado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), a produtividade do brasileiro é a que menos cresce durante uma década. O estudo foi feito com trabalhadores de 12 países, entre 2002 e 2012. No inicio do século XX, o pensador e empreendedor Henry Ford disse: “Há uma única regra para um industrial: faça produtos com a melhor qualidade possível, ao menor custo, pagando os salários mais altos que puder”. Então, tente ser mais produtivo, fazendo bem feito da primeira vez. Além de agradar o empresariado, certamente irá gerar uma boa impressão aos que estão ao seu redor. Esse profissional é cada vez mais raro e, consequentemente, mais valorizado.
4. Pense coletivamente
Vivemos conectados em redes, compartilhando e colaborando. Portanto é paradoxal que haja pessoas que insistam em pensar e agir de maneira individual, cuidando apenas do seu quadrado. As frases preferidas são: “isto não é minha responsabilidade”, “não sou pago para isso” ou ainda “esta atividade é dele, não minha”. Um grande erro, já que muitas vezes as maiores oportunidades estão em áreas cinza, sem uma pessoa ou cargo pré-definido.
5. Foco no trabalho
Se não somos o país com o maior número de profissionais produtivos, muito se deve a falta de foco no trabalho. A lista aqui é extensa: banco, Facebook, notícias, namoro, família, etc. Já aconteceram demissões por descumprimento às politicas de TI das empresas. A dica aqui é se policiar e criar algumas regrinhas. Por exemplo: redes sociais e smartphones devem ser usados apenas no tempo livre. Evite que estas ferramentas tirem sua atenção no que está sendo feito. O pior que pode acontecer é você chegar mais cedo em casa.
Enfim, a não ser que você seja um vereador, deputado ou senador e possa contar com vales, bonificações e auxílios do tipo viagem, paletó, gráfica, moradia, carro, assessor, secretário e gabinete, levando uma vida leve com jornada de terça a quinta-feira e 60 dias de férias, adotar as dicas mencionadas poderá ajudá-lo a suportar o ano que temos pela frente - além de poder render alguns bons frutos.
Vale lembrar que greves e paralisações raramente trazem bons resultados, com raras exceções, como o ex-sindicalista do ABC, que passou da aguardente e do cigarro sem filtro, para os escoceses envelhecidos em barris de carvalho e cubanos legítimos.
Marcos Morita é executivo, professor, palestrante e consultor. Sua palestra, As 4 Chaves do Pensamento Estratégico, vista por centenas de executivos, aborda de maneira lúdica e participativa, temas como definição de metas, inovação, gerenciamento do tempo e motivação.
Sobre Marcos Morita:
www.marcosmorita.com.br
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