sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Rio Grande do Sul registra primeiros casos de sarampo no ano

A Secretaria da Saúde (SES) divulgou nesta quinta-feira (12) uma nota técnica sobre o sarampo. Os primeiros casos do Rio Grande do Sul foram confirmados nesta semana. São sete casos que tiveram início de sintomas entre a primeira e a última semana de agosto. Seis deles foram em residentes em Porto Alegre e um em Dois Irmãos. As medidas de bloqueio, com a vacinação de contatos próximos, já foram realizadas pelos municípios. Todos possuem histórico de viagem a locais com circulação do vírus (São Paulo e Europa) ou vinculação a esses, por isso são considerados importados.

Sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. Qualquer indivíduo que apresentar febre e manchas no corpo (exantemas) acompanhado de tosse, coriza ou conjuntivite deve procurar os serviços de saúde para a investigação, principalmente aqueles que estiveram nos 30 dias anteriores em viagem a locais com circulação do vírus. No Brasil, são 2,7 mil casos somente nos últimos 30 dias, mais de 98% deles em São Paulo. Casos suspeitos devem ser informados imediatamente às Secretarias Municipais de Saúde ou para o Disque Vigilância, por intermédio do número 150.

O primeiro caso do ano no RS foi de uma jovem de 18 anos, residente em Porto Alegre, que em julho esteve em viagem à Itália e São Paulo, dois locais onde há a circulação do vírus. Apesar dos sintomas, ela não teve o diagnóstico inicial para sarampo. O caso foi identificado após a confirmação de outros três com os quais ela teve contato e que residem na mesma moradia: duas delas também de 18 anos e uma de 25. Assim que houve as confirmações, a vigilância do município realizou uma ação de bloqueio, com a vacinação de 53 pessoas (contatos próximos) que não estavam vacinados e nenhum apresentava sintomas da doença.

Outros dois homens residentes em Porto Alegre, de 21 e 30 anos, também tiveram o sarampo confirmado após viagens a São Paulo. O mais velho, inclusive, relatou contato com colegas de trabalho que posteriormente confirmaram a doença. Nos dois episódios a vigilância da Capital também realizou ações de bloqueio, com a vacinação e acompanhamento de mais de 90 pessoas, todas sem sintomas. Por último, uma jovem de 21 anos, de Dois Irmãos, também com histórico de viagem a São Paulo no último mês, teve o caso confirmado. A Secretaria de Saúde do município acompanha 14 contatos da pessoa, todos assintomáticos.

A mais efetiva forma de prevenção é a vacinação. Para ser considerada vacinada, a pessoa precisa ter o registro em caderneta de vacinação conforme esquema vacinal. A rede pública de saúde disponibiliza gratuitamente vacinas com componente sarampo (Dupla Viral/Tríplice Viral/ Tetra Viral) à população de 6 meses a 49 anos de idade e para profissionais de saúde e demais pessoas envolvidas na assistência à saúde hospitalar.

São consideradas vacinadas:

- Pessoas de 12 meses a 29 anos que comprovem duas doses de vacina com componente sarampo;

- Pessoas de 30 a 49 anos que comprovem uma dose de vacina com componente sarampo;

- Profissionais de saúde, independente da idade, que comprovem duas doses de vacina com o componente sarampo.

- Observação: conforme orientações do Ministério da Saúde, crianças de seis meses a 11 meses de idade deverão receber dose zero contra sarampo, mantendo- se o preconizado pelo calendário vacinal a partir dos 12 meses.


Histórico do sarampo no RS:

2019: 7 casos (até 10/09)
2018: 47 casos
2012-2017: sem casos registrados
2011: 8 casos
2010: 7 casos
1999: último caso autóctone do RS

Há 20 anos o Rio Grande do Sul não registra casos autóctones de sarampo. Depois de 1999, todos as confirmações são referentes a pessoas que pegaram a doença em viagem ao exterior ou a outros estados ou que tinham ligação com essas. Por isso, as cadeias de transmissão são consideradas importadas.


Situação da doença no país e mundo

Somente nos últimos 90 dias, o Brasil já registrou 3,7 mil casos de sarampo, mais de 98% deles no estado de São Paulo. Outros 17 estados (o RS entre eles) também já tiveram casos confirmados. Foram confirmados quatro óbitos por sarampo no Brasil, três em São Paulo e um em Pernambuco.

O mundo vem enfrentando surtos de sarampo desde 2018, com a confirmação de mais de 300 mil casos. A região das Américas encerrou o ano de 2018 com a confirmação de 16.514 casos, distribuídos em 12 países. Em 2019, até agosto, o continente já registrou 3 mil confirmações de sarampo, em 14 países, sendo 1,2 mil nos EUA.

O Brasil havia recebido o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em setembro de 2016, contudo a confirmação de casos ainda em 2019, levou a perda do título, tendo em vista que o vírus permanece circulando por mais de 12 meses no país.

Dose zero

Uma das ações para o enfrentamento ao surto do sarampo no país é a vacinação das crianças de 6 a 11 meses. O objetivo é intensificar a vacinação desse público-alvo, que é mais suscetível a casos graves e óbitos. No Rio Grande do Sul, são cerca de 70 mil crianças dentro da faixa etária. A medida preventiva indica a aplicação como uma “dose zero”, já que ela não substitui a primeira dose contra o sarampo no Calendário Básico Infantil, dada aos 12 meses de idade com a vacina tríplice viral (que também protege contra a rubéola e a caxumba). A proteção é completada aos 15 meses com a tetra viral (que previne ainda contra a varicela, também conhecida como catapora).

Esta vacinação de rotina das crianças deve ser mantida independentemente da criança ter tomado a “dose zero”. A medida deve permanecer enquanto o país não interromper a transmissão do vírus, que seria permanecer 90 dias sem novos casos.

Bloqueio vacinal

Além de vacinar as crianças na faixa etária prioritária, o Ministério da Saúde também orienta estados e municípios a realizarem o bloqueio vacinal. Ou seja, quando identificado um caso da doença, é preciso vacinar todas as pessoas que tiveram ou têm contato com aquele caso suspeito em até 72 horas. Neste caso, recomenda-se que a vacinação seja realizada de forma seletiva, em que não há necessidade de revacinação das pessoas que já foram vacinadas anteriormente e que têm comprovação vacinal. Não é orientada dose extra para a pessoa já vacinada.

No final do último mês o Estado recebeu do Ministério da Saúde cerca de 138 mil doses de vacina tríplice viral para as ações de vacinação de rotina, dose extra das menores de 1 ano de idade e ações de bloqueio. Assim, todos os municípios estão abastecidos da vacina. Um novo lote é previsto para a segunda quinzena do mês, dentro da programação normal de envio de imunobiológicos do Ministério da Saúde aos estados.

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