Nova pesquisa do CEPA/UFRGS aponta que, enquanto 80% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B, a média geral brasileira não chega a 25%. Estudo trouxe uma série de informações sobre o perfil do produtor de tabaco na Regão Sul do Brasil.
Outubro 2023 – A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (CEPA/UFRGS) divulgou o relatório com os resultados da segunda edição da pesquisa Perfil socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul do Brasil. Assim como a primeira edição, realizada em 2016, o estudo foi encomendado pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e conduzido no período entre 30 de junho a 20 de julho de 2023, em 37 municípios produtores de tabaco que compõem a Região Sul do Brasil.
Coordenada pelo Prof. Dr. Luiz Antonio Slongo, a pesquisa contou com o apoio do Prof. Dr. Rafael Laitano Lionello (ESPM/SP) e dos doutorandos Lucas Dorneles Britto (PPGA/UFRGS) e Nathalia Soares Brum de Mello (PPGA/UFRGS), além de técnicos da universidade. A coleta de dados foi feita com base em entrevistas pessoais, realizadas na residência dos produtores. A população considerada para esse estudo foi composta por produtores de tabaco da Região Sul e, para efeitos de amostra, considerou-se um total de 1.145 casos, com erro amostral máximo de 2,9%.
Os resultados da pesquisa apontam para uma boa condição socioeconômica dos produtores de tabaco da Região Sul do Brasil. “Verifica-se um bom acesso a itens de conforto doméstico, bem como a itens relacionados às condições de higiene e saúde. Tais condições são facilitadas por um bom nível de renda familiar e per capita, as quais se mostram bem superiores às médias nacionais, bem como por um bom acesso à informação e à atualização. Constata-se ainda na pesquisa que os produtores apresentam um elevado grau de satisfação com a sua condição de agricultor e, em especial, por ser produtor de tabaco. Esta constatação é ratificada pela boa autoavaliação que eles fazem da sua condição de vida”, conclui Slongo.
Segundo o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados reafirmam a importância econômica e social do tabaco no meio rural. “Em muitos momentos temos ouvido que o produtor de tabaco vive em uma situação de vulnerabilidade, mas a pesquisa desmonta essa narrativa. Assim como aconteceu em 2016, os resultados não surpreendem quem conhece o setor do tabaco, mas eles vão impressionar quem ainda consome informações com fontes ideológicas”, afirma Schünke.
RENDA FAMILIAR
• Considerando-se todas as fontes de renda, os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil atingem uma renda mensal total média de R$ 11.755,30;
• A renda per capita mensal média na população de produtores de tabaco da Região Sul é de R$ 3.935,40, enquanto a renda per capita no Brasil é de R$ 1.625,00 (IBGE, 2022);
• 73% dos produtores de tabaco dispõem de outras rendas, além daquela proveniente do cultivo do tabaco. Essas outras rendas provêm do cultivo de outros produtos agrícolas e de outras fontes de renda, tais como: aposentadorias, empregos fixos ou temporários, atividades autônomas, aluguéis, arrendamentos, ou rendimentos de aplicações financeiras.
NÍVEL SOCIOECONÔMICO DOS PRODUTORES DE TABACO
• Os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil enquadram-se, principalmente, nos estratos “A”, “B1” e “B2”;
• O percentual de produtores de tabaco no estrato “A” é de 6,7%, o que equivale a mais do que o dobro do que é verificado em termos gerais no Brasil. Apenas 2,9% da população brasileira enquadram-se neste estrato;
• Comportamento semelhante é verificado no estrato “B1”. Enquanto no Brasil o contingente de pessoas enquadradas neste estrato é de 5,1%, junto aos produtores de tabaco esse contingente é de 6,1%;
• A grande parcela dos produtores de tabaco enquadra-se no estrato “B2”, com 67,2%. Este percentual corresponde a mais de quatro vezes o que se verifica em termos nacionais, onde, neste estrato, enquadram-se somente 16,7%;
• O melhor padrão social dos produtores de tabaco é também ratificado ao se analisar o outro extremo da escala, ou seja, o que corresponde aos níveis mais baixos. Enquanto no Brasil os estratos “C1”, “C2”, “C3” e “D”, abrangem quase 76% da população, junto aos produtores de tabaco esses mesmos estratos correspondem a apenas 19,6%.
CONECTADOS – A pesquisa demonstrou que os produtores estão cada vez mais conectados. Enquanto em 2016, menos da metade dos produtores possuía acesso à internet, em 2023 essa realidade foi alterada drasticamente: quase 94% têm acesso à internet, sendo mais de 92% na própria residência. Nas redes sociais, a participação dos produtores também já é expressiva. WhatsApp e Facebook são as duas redes sociais mais utilizadas pelos produtores de tabaco da Região Sul, com 98,9% e 84,6%, respectivamente. Já o Instagram e Youtube são utilizadas por 37,8% e 24,1% dos produtores. Twitter (1,7%) e LinkedIn (0,8%) estão entre as menos utilizadas.
O DOMICÍLIO DO PRODUTOR DE TABACO
• Quase 73% têm a alvenaria como material predominante na construção (65% em 2016);
• Quase 72% têm três ou mais dormitórios por domicílio;
• Todos os domicílios têm, pelo menos, um banheiro ou sanitário, sendo que quase 36,4% têm mais de um;
• Quase 95% têm fossa séptica para esgoto;
• 29% têm poço artesiano;
• 97,1% têm água encanada;
• Quase todos os domicílios têm acesso à energia elétrica, via rede geral de distribuição (98,6%);
• 13,5% têm acesso a outras fontes. Dos que utilizam outras fontes, 12,3% são de energia solar;
• Praticamente 100% têm água aquecida (99,6%), pelo menos para banho, utilizando, para tanto, a energia elétrica, de forma predominante.
POSSE DE BENS
• 100% dos produtores de tabaco têm automóvel ou caminhonete (eram 89% em 2016) e 62,7% têm motocicleta (61% na última pesquisa);
• 13,7% dos produtores de tabaco têm outro imóvel, além daquele utilizado para morar (eram 10% em 2016);
• Mais de 97% dos domicílios têm máquina de lavar roupa e 65% têm também secadora de roupa;
• O uso do ar-condicionado aumentou 61% desde a primeira pesquisa, em 2016. Atualmente, 33,4% têm ar condicionado e 80,7% têm ventilador;
• 57,2% dos domicílios têm aspirador de pó;
• 88,6% têm forno elétrico e 67,2% têm forno de micro ondas;
• 80,9% dos produtores possuem trator e 13,4% microtrator;
• Praticamente 100% têm televisor a cores, sendo 90,5% do tipo tela plana;
• 100% têm, pelo menos, um telefone celular, sendo que 85,1% do tipo smartphone;
• 36% dispõem de computador.
PREPARO DO PRODUTOR DE TABACO
• Quase 60% dos chefes de família têm mais de 8 anos de estudo, o que corresponde ao primeiro grau completo, ou mais; dentre esses, 32,2% têm mais de 11 anos de estudo, o que corresponde ao segundo grau completo e até cursos superiores, completos ou incompletos;
• 95,6% deles já fizeram cursos sobre manuseio seguro de agrotóxicos;
• 50,2% já fizeram cursos de manejo correto do solo;
• 46,4% já fizeram algum curso sobre organização ou gestão de propriedades rurais;
• 98% se dizem bem informados sobre as técnicas de colheita segura do tabaco;
• 96% desses produtores recebem assistência técnica de empresas.
MUNICÍPIOS ABRANGIDOS NAS ENTREVISTAS
Rio Grande do Sul: Arroio do Tigre, Boqueirão do Leão, Caiçara, Camaquã, Canguçu, Chuvisca, Crissiumal, Ibarama, Mata, Santa Cruz do Sul, São Francisco de Assis, São Lourenço do Sul, Vale do Sol e Venâncio Aires.
Santa Catarina: Canoinhas, Içara, Iporã do Oeste, Itaiópolis, Ituporanga, Orleans, Palmitos, Papanduva, Petrolândia, Riqueza, São João do Sul e Vidal Ramos.
Paraná: Agudos do Sul, Ipiranga, Irati, Piên, Prudentópolis, Quitandinha, Rio Azul, Rio Negro, São João do Triunfo, São Miguel do Iguaçú e Três Barras do Paraná.
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