O livro digital interativo "Vozes do Campo: ensino, pesquisa e extensão em tempo de pandemia", vol. 3 fala sobre as vivências do Projeto durante os últimos anos.
Dar voz às demandas dos sujeitos do Campo; dar voz à cultura e saberes do Campo; dar voz à FURG em sua relação com o Campo. A partir dessas premissas surgiu o Projeto de Extensão Vozes do Campo na FURG São Lourenço do Sul, origem de uma série de livros sobre a vida da comunidade lourenciana, suas vivências e saberes: Vozes do Campo: ressignificando saberes e fazeres. Vol 1 (2015); Vozes do Campo: lutas, saberes e resistências. Vol. 2 (2017).
Formado de artigos escritos por alunos e professores de áreas comuns à Educação do Campo, baseado em entrevistas realizadas no programa de rádio com diferentes sujeitos da comunidade de São Lourenço do Sul e região, o livro em sua terceira edição trata sobre assuntos como a formação docente, alternância e práticas educativas; diversidade, gênero e movimentos sociais; pesquisas desenvolvidas no Curso de Licenciatura em Educação do Campo da FURG; e as resistências e lutas por esperança em diferentes contextos. Assim como no Projeto, o livro buscou oportunizar um espaço para que as vozes da comunidade tivessem protagonismo; entendendo e desenvolvendo a Educação do Campo como um direito, e questionando o ruralismo, o tecnicismo e o paradigma da modernização, buscando superá-lo tendo a agricultura familiar camponesa como base para estilos mais sustentáveis de desenvolvimento rural.
PROJETO DE EXTENSÃO “VOZES DO CAMPO”
As professoras Jara Lourenço da Fontoura, Berenice Vahl Vaniel e Graziela Rinaldi da Rosa e o professor Mauro Dillmann Tavares, percebendo a necessidade de aproximar os conhecimentos acadêmicos da comunidade, desenvolveram o programa de rádio Vozes do Campo. Entre os anos de 2014 e 2022 foi oferecido um espaço para debates socioeducativos e histórico ambientais sobre as questões do campo para a comunidade, com o propósito de dialogar sobre as vivências dos diferentes sujeitos de direito do campo, fundamentando suas atuações nos estudos do Professor Dr. Sirio Lopez Velasco, com a Teoria da Ética Ecomunitarista e Paulo Freire.
As ações do Projeto divulgaram a pesquisa científica produzida nos Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, Tecnologia em Gestão Ambiental e Bacharelado em Agroecologia, do Campus FURG São Lourenço do Sul, com informações importantes para a comunidade local, como por exemplo períodos de colheitas, safras e pragas; mudanças climáticas e suas implicações; vacinação; festas locais da comunidade; educação básica municipal; entrevistas e audições de canções vinculadas aos saberes do Campo.
Durante oito anos, o Projeto desenvolveu um diálogo amplo e estruturado, buscando a integração das lideranças das comunidades, dos educadores do campo, pais e alunos das escolas do Campo, associações, ONGs, movimentos sociais, agricultores, pescadores, comunidades quilombolas, grupos indígenas e também entre os campi da FURG, proporcionando também o intercâmbio entre São Lourenço do Sul e Rio Grande, a partir da participação de alunos, egressos e servidores que pertenceram à comunidade lourenciana e conheciam suas vivências.
Para a professora Jara, ter feito parte do Projeto foi como viver o ensinamento de Paulo Freire “nós jamais morreremos pois estamos vivos em nossos alunos, nos projetos que deixamos [...] eu penso que devemos deixar onde passamos, canteiros com sementes, que brotarão e florescerão em seu tempo. [...] eu sempre pensei que nós educadores precisamos adentrar os espaços e assim entrelaçarmos o ato de comunicar e educar, criar, renascer e viabilizar a criticidade da educação.”
LIVRO "VOZES DO CAMPO: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA”
A terceira edição do livro, além da versão impressa, está disponível também em versão digital, pensada para que estudantes da educação básica possam ter fácil acesso e conhecer o trabalho desenvolvido pelos educadores e pesquisadores da FURG.
“Quando fui convidada para participar do Projeto, lancei a ideia de elaborarmos um livro de mesmo nome, já que a educação do campo carece de mais produções que sejam construídas junto com os povos tradicionais, com as lideranças comunitárias, com agricultores e agricultoras familiares, com povos da cadeia produtiva da pesca, quilombolas, indígenas, pomeranos; especialmente por que em São Lourenço do Sul, onde temos o campus, existe a diversidade de povos que compõem o município e essa pluralidade chega também à nós em sala de aula. Fazer parte da idealização e organização foi muito desafiador, pois iniciamos e logo enfrentamos uma pandemia, que se alastrou mais tempo do que imaginávamos, porém mesmo assim, esse livro demonstra que com trabalho coletivo, e apoio da Universidade é possível construir materiais que vão ser apoio didático e inspirar outras práticas na educação do campo.” conta a professora Graziela Rinaldi da Rosa.
As vozes participantes projeto foram organizadas através dos artigos produzidos por docentes e discentes, com base nos temas abordados nos programas, tendo o objetivo de registrar a memória das atividades tradicionais do Campo, seus modos próprios de produção e manejo da natureza e de suas vidas, mostrando suas atividades de criação artística, poesia, produção artesanal, acadêmica, educativa e comunitária, músicas e outras expressões culturais que foram apresentadas através das entrevistas. “Os livros vinculados ao Projeto, contribuem diretamente para que outras gerações tenham acesso aos saberes, expressões culturais, relatos de experiências e vivências, atuando como instrumentos de perpetuação das vozes dos povos do campo de São Lourenço do Sul e Território Zona Sul, contribuindo para o seu resgate, reconhecimento e valorização.” de acordo com a Professora Patrícia B. Lovatto
“Eu acredito que os projetos vêm para fortalecer a universidade, é através deles que é possível criar uma ponte entre a comunidade e a academia. O “Vozes do Campo” fez toda diferença na minha trajetória acadêmica, e hoje isso reflete na minha profissão. Sou uma educadora que tem um ouvir sobre o que o outro tem a dizer, sobre as vozes que nos ensinam um saber e um fazer diferente, embasado em um conhecimento que é passado de uma cultura para a outra. Hoje ter esses saberes escritos em um livro, é importante para registrar o que não é tão falado, mas que é fundamental para a conservação do meio ambiente e da vida.” destaca a professora Tanja Raquel, organizadora e participante do Livro.
Participaram desta terceira edição, como organizadoras, as Professoras Dra. Graziela Rinaldi da Rosa. Licenciada em Filosofia e Geografia. Mestra e Doutora em Educação / UNISINOS. PHd. Profa. do Instituto de Educação IE / FURG; Professora Dra. Jara Lourenço da Fontoura. Pedagoga. Mestra e Doutora em Educação Ambiental / FURG. Criadora do programa Vozes do Campo; Professora Dra. Patrícia B. Lovatto. Bióloga. Dra. em Sistemas de Produção Agrícola Familiar com Pós-Doutorado pela FAEM / UFPEL. Professora Pesquisadora do ICB / FURG; e a Professora Tanja Raquel Funk. Licenciada em Educação do Campo – Ênfase em Ciências da Natureza e Agrárias / FURG. Graduanda em Pedagogia da Educação Infantil / Uniasselvi. Graduanda em Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa / FURG. Cursando Especialização em Coordenação Pedagógica e Supervisão Escolar / FAVENI. pesquisando a formação docente.
PARCERIA COM A DIRETORIA DE ARTE E CULTURA
O livro digital está acessível a partir de uma parceria entre a FURG São Lourenço do Sul e a Diretoria de Arte e Cultura da FURG, através da participação no Edital para concessão de bolsas de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura - EPEC, entregando como produto cultural o e-book. Este edital oferece aos projetos selecionados um estagiário para atuação no desenvolvimento das ações, contribuindo principalmente para a formação inicial do estudante em oportunidades educativas e culturais. Durante a organização do livro, o trabalho conjunto entre a então aluna Jaqueline de Souza e as professoras foi um processo árduo, devido à pandemia e suas restrições. No entanto, reuniões virtuais para análise dos processos de editoração, discussão sobre a identidade visual, ilustrações e design, foram fundamentais para que a temática do livro fosse bem representada.
“Considerando as dificuldades e representações dos povos das águas, florestas e outros corpos dissidentes que serão apresentadas durante o decorrer da leitura, participar desse projeto pra mim foi importante justamente nesse quesito, colaborar nesse processo coletivo que contribui para reforçar a importância desses povos e movimentos, trazendo representatividade para essas pessoas, além de facilitar o acesso e propagação do material por conta do formato digital, e através dos conteúdos incluídos no livro, como links, fotografias e etc que fizeram parte desse trabalho coletivo.”
Para Débora Amaral, Diretora de Arte e Cultura, “pensar em outras formas de educação, que atendam essa nossa diversidade em existir e co-habitar o mundo é um compromisso cultural e social. Um dos nossos desafios institucionais permanentes é a consolidação de uma identidade multicampi, termos ações descentralizadas entre os nossos 4 campi. Quando essas ações acontecem há uma grande satisfação, por alcançarmos esse compromisso, mas também por percebermos os demais campi construindo suas trajetórias, fortalecendo sua ação acadêmica no território e deixando um legado de produção de conhecimento, extensão e cultura por meio de uma publicação que é marcada pela vida.”
ACESSO
A terceira edição do Livro está disponível em formato digital, no Repositório da FURG. LINK https://repositorio.furg.br/handle/123456789/11330 e também é possível ouvir os programas veiculados, através do link: https://educacaodocampo.furg.br/vozes-do-campo
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