terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Empresas estimulam o desmonte do sistema integrado do tabaco

Nos dias 20 e 21, a Fetag-RS, juntamente com as demais entidades representativas dos produtores de tabaco do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, estiveram reunidas com as indústrias para a rodada de negociação para definição dos preços pagos aos produtores. Um produtor de cada empresa também foi convidado a participar.

A proposta das apresentada pelas entidades foi o custo de produção de cada empresa mais 10 pontos percentuais para a sustentabilidade da atividade.

No entanto, o que se viu foi um total descaso com os(as) produtores(as) rurais, já que apenas uma das empresas, a JTI, apresentou a proposta acima do custo de produção, mas muito abaixo do pedido pelas entidades. As demais empresas sequer ofereceram o próprio custo ou nem apresentaram reajustes.

A Fetag-RS e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais consideram lamentável que as empresas, ao invés de valorizarem os produtores rurais, que são os seus principais parceiros, e reajustar os preços na tabela, optaram por pagar para os atravessadores, assim como fizeram no final da safra passada e já estão fazendo na atual. A atitude apenas contribui para o desmonte do sistema integrado, o que nos faz perguntar: é isso que as empresas querem?

O fumo brasileiro é um dos mais limpos, de melhor qualidade e um dos mais baratos do mundo. Enquanto em outros países concorrentes na exportação o valor é US$2,59, no tabaco brasileiro o valor é de US$1,97.

Dados publicados no último anuário do tabaco mostram que entre os anos de 2020 e 2021 a distribuição da receita bruta do setor subiu cerca de 40% para a indústrias, enquanto para os produtores o valor apresenta queda. Vale ressaltar que esses valores têm a concordância das empresas e que claramente o aumento nos lucros não foi repassado para os produtores.

Apenas duas empresas, Philip Morris e Universal, não participaram da negociação, pois não calcularam o custo de produção em conjunto com as entidades. No caso, conforme já estabelecido anteriormente pela representação dos produtores, não haverá negociação a menos que elas concordem em negociar a partir do custo calculado pela representação dos produtores.

A Fetag-RS e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais lembram que o custo de produção foi calculado em conjunto com as indústrias e foram informados pelos produtores sorteados para responder ao questionário.

As indústrias solicitaram um nova rodada de negociação no mês de janeiro, mas o posicionamento da Fetag-RS e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais é o de voltar apenas quando o valorizado for produtor e não o atravessador e melhorarem as suas propostas.

O que as empresas querem? O sistema integrado não interessa mais? Ao que parece, não.

Fonte: FETAG-RS

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