quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Alguns testes não detectam Covid em infectados pela Ômicron

Em meio a uma nova onda de Covid-19 provocada pela variante Ômicron nos Estados Unidos, o principal assessor do presidente Joe Biden para a pandemia, Anthony Fauci, fez um alerta recente: nem todos os testes diagnósticos disponíveis são capazes de detectar a doença quando o paciente está infectado pela nova cepa. "Estamos obtendo informações preliminares de que nem todos os testes diagnósticos serão precisos com a Ômicron", afirmou o imunologista em um evento virtual na semana passada.

Os testes aos quais Fauci se referia eram os de antígeno. Segundo ele, o RT-PCR continua sendo o "padrão ouro" para identificar a presença do vírus, inclusive da variante Ômicron.

A preocupação dos especialistas americanos é que um indivíduo que faz um teste de antígeno e obtém resultado negativo pode ficar confiante de que tem apenas um resfriado e não fazer o isolamento adequado, contribuindo para o aumento de casos.

Esta é possivelmente a variante mais contagiosa de todas as que já foram identificadas desde que o vírus surgiu, no fim de 2019, em Wuhan, na China.

Na segunda-feira (20), o governo dos Estados Unidos anunciou que a Ômicron já se tornou dominante entre os infectados no país.

No mesmo dia, o país registrou a primeira morte pela variante. A vítima é um homem não vacinado na faixa dos 50 anos.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que o mundo ja vive uma quarta onda provocada pela Ômicron, menos de um mês após a divulgação da descoberta da cepa.

Tipos de teste

Cabe ressaltar que os órgãos reguladores dos Estados Unidos ainda não divulgaram quais marcas de testes não estão detectando a Ômicron.

Fauci se referiu a alguns testes de antígeno, que são os chamados testes rápidos, muitos deles realizados em farmácias aqui no Brasil — mas que nos EUA e em outros países podem até ser feitos em casa.

É utilizado um swab nasal, mas não existe a necessidade de envio do material coletado para um laboratório. O próprio kit tem a reação que vai mostrar se há ou não infecção pelo Sars-CoV-2.

Especialistas ouvidos pelo R7 em julho já ressaltavam a importância desse tipo de teste ser realizado em um ambiente controlado.

"Os exames feitos em condição precária muitas vezes têm possibilidade de erro na coleta. Então, perde-se por essa falta de treinamento, de supervisão, que os laboratórios têm", sublinhou o infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Esse tipo de exame já tem uma perda de sensibilidade justamente pela rapidez, complementou a coordenadora médica de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury, Maria Carolina Tostes Pintão.

"Quando [o teste] ganha velocidade, perde em alguma coisa. No caso, perde sensibilidade. Como no teste de antígeno não tem amplificação do material, ele tem menor sensibilidade se você tiver uma quantidade de vírus menor. Pode ter resultado negativo em uma pessoa que tem a infecção. E vai ser sempre assim para todos os exames."

Os exames de antígeno, por serem menos precisos, devem ser realizados até, no máximo, o quinto dia desde o início dos sintomas.

O teste considerado "padrão ouro" continua sendo o RT-PCR, que é feito também com coleta de secreção da nasofaringe e da orofaringe, mas com a amostra enviada para análise laboratorial, podendo levar mais tempo até sair o resultado.

O RT-PCR é oferecido nas redes pública e privada, inclusive com cobertura obrigatória dos planos de saúde.

É importante saber que ao realizar um exame de Covid-19 o resultado indicará apenas se o paciente está ou não infectado pelo vírus Sars-CoV-2.

Nem mesmo o RT-PCR é capaz de identificar a variante. O exame adicional é feito por meio do sequenciamento genético e tem pouca ou nenhuma importância para quem está doente, afirmam especialistas.

A análise genômica das amostras deve ser feita por órgãos públicos ou entidades privadas para fins epidemiológicos.

A prevenção e o tratamento da Covid-19 são os mesmos, independentemente de qual seja a variante.

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