Obra foi escrita pelo proprietário Rodrigo Seefeldt, que se inspirou em sucesso do cinema do final dos anos 1960.
O terceiro filme de maior bilheteria no ano de 1968, em todo o mundo, foi Se Meu Fusca Falasse, comédia estrelada por Herbie, um Fusca de personalidade própria. Não é que existe um parente de Herbie em São Lourenço do Sul, no sul do Estado? É o que conta o leitor Rodrigo Seefeldt, destacando que o Amadinho (nome do Fusca que dorme em sua garagem desde 2014) é uma versão evoluída de seu antepassado que foi astro do cinema, já que se alfabetizou e até escreveu um livro!
Eis o seu relato:
Com o passar dos anos, para suprir a necessidade de nossa família, iniciamos a busca por um veículo que seria o carro “oficial” da casa. Começamos, então, uma pesquisa aprofundada – além de estar em bom estado, era necessário que o veículo coubesse no orçamento familiar, que não era dos maiores. Procuramos, pesquisamos, analisamos diversas ofertas e nada dava certo. Os carros estavam fora do orçamento ou não nos identificávamos com eles.
Cansado e já quase desistindo de procurar, recebi a ligação telefônica de um amigo. Ele me oferecia um Fusca, ano 1971, amarelo e com motor 1.500. Tinha a documentação em dia, mas estava parado havia tempos. Bem, o valor do negócio era consideravelmente baixo, já que o carro precisava ser consertado. Mesmo sem olhar, só pela descrição, já me animei com a possibilidade de ter um Fusca. Fechamos a compra em cinco parcelas e comemoramos, enfim, a conquista do carro próprio.
No dia seguinte, batizamos o Fusca de Amadinho. A alegria só não foi maior porque descobrimos que ele não tinha vindo sozinho para a casa. Junto com ele, recebemos e acolhemos uma nova família: cerca de 10 ratos, que moravam dentro do carrinho e, inclusive, tinham roído fios e bancos. O momento foi de desespero e uma força-tarefa, formada por amigos e familiares, foi mobilizada para nos livrarmos desses intrusos. Afinal, além de causar danos ao Fusca, a ratazana passou a roer tudo o que havia em nossa garagem, até mesmo o material produzido pela artesã da casa, Aline, minha esposa.
No dia posterior à faxina, que foi exaustiva, o Amadinho partiu em cima de um guincho em direção à oficina mecânica. Após diagnóstico de severos problemas, precisou ficar algum tempo por lá (na verdade, um bom tempo) para receber novas peças e voltar a funcionar perfeitamente (digamos). Pronto, depois de toda a saga para termos um carro, a família estava radiante. O Fusca passou a participar da rotina de escola e trabalho e também dos momentos de descanso merecido, quando, por exemplo, curtimos as belas paisagens da Lagoa dos Patos. De lá para cá, é uma felicidade só. Certo, de vez em quando, enfrentamos perrengues, como quando esquenta a bobina, afoga o carburador, o platinado apresenta alguma falha e outros detalhes indescritíveis.
Seja como for, desde 2014, o Fusca Amadinho faz parte de nosso lar e, inclusive, já identificou o papel de cada morador – a Maria Flor, minha filha, é a “pequena da família”; a Aline, a “chefa da casa”; e eu, Rodrigo, seu “fiel escudeiro”. Sim, você não leu errado, o Fusca Amadinho escreve e já tem até um livro publicado, que foi um sucesso absoluto de vendas!
Nota do editor: escrito por Rodrigo, o livro As Aventuras do Fusca Amadinho conta as peripécias do herói, narradas em primeira pessoa, e foi lançado em junho do ano passado.
GZH. Almanaque
Nenhum comentário:
Postar um comentário