Estudantes da EEEF Padre Maximiliano Strauss aprenderam sobre os potenciais das Panc, espécies não convencionais que auxiliam na diversificação da alimentação
Comida saudável, sustentável, colorida e por vezes, ainda negligenciada. Essas são as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), espécies que, felizmente, têm ganhado cada vez mais espaço nas pesquisas da FURG e nos pratos dos lourencianos e lourencianas.
O aumento na oferta, consumo e no conhecimento sobre as Panc na região se deve, principalmente, à atuação do projeto de extensão Pancpop, vinculado ao Campus da FURG em São Lourenço do Sul, e que há cerca de cinco anos visa estimular o uso e popularizar informações sobre essas espécies.
Na última terça-feira, 7, por exemplo, o projeto – representado pela integrante e bióloga Joan Theis, atualmente doutoranda em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) - esteve no interior do município, conversando com cerca de 50 estudantes do 5º ao 9º ano da EEEF Padre Maximiliano Strauss, localizada no Boqueirão.
A atividade, alusiva à Semana do Meio Ambiente, foi proposta pelo professor de Ciências João Ari Kath. Na ocasião, o Pancpop realizou uma apresentação com imagens e levou exemplares de várias espécies de Panc, conversando com os estudantes sobre o uso dessas plantas na alimentação.
"A palestra foi espetacular, deu um grande crescimento para as turmas", relata o professor, dizendo que os estudantes ficaram muito curiosos e empolgados com a atividade. "Eu nunca imaginei que fosse uma coisa que chamasse tanto a atenção dos alunos, e também dos pais, porque aqui no interior os alunos chegam em casa e contam para os pais o que aconteceu em sala de aula", explica.
Joan destaca que por residirem no interior, algumas plantas já eram conhecidas pelos alunos e alunas, mas alguns nem imaginavam que elas poderiam ser comidas. "Para os mais jovens, esse conhecimento está se perdendo. Embora tenham plantas que são tradicionalmente usadas no meio rural, têm muitas que se sabe que dá para utilizar e não se usa mais. Até mesmo os mais velhos perderam o hábito", aponta.
Segundo a pesquisadora do Pancpop, isso ocorre pela ideia de "modernização" da alimentação, fomentada pela globalização dos processos e estímulo ao consumo de produtos industrializados pela mídia. Com a artificialização da comida e a mudança dos hábitos alimentares, plantas da região passaram a ser subutilizadas, e a historicidade das espécies se perdeu com o tempo, fazendo com que hoje já não se tenha o conhecimento sobre os seus potenciais alimentícios.
Joan explica que esse movimento agrava também a chamada “cegueira botânica”, ou seja, a menor capacidade das pessoas em perceberem as plantas no ambiente, bem como sua importância, em comparação com os animais. No entanto, ela pode ser superada com a educação ambiental. "A importância de trazer a temática das Panc para essa gurizada é para abrir os olhos. Para eles começarem a enxergar essas plantas”, entende Joan, ressaltando que a população do meio rural, apesar de estar em um território tradicionalmente ligado à produção de alimentos, possui, muitas vezes, uma alimentação inadequada, com baixo valor nutricional.
Assim, Joan salienta que a ação do Pancpop tem o intuito de estimular as crianças a provarem, se permitirem e verem que é possível comer mesmo. O objetivo é diminuir a monotonia alimentar, além de promover o respeito aos conhecimentos sobre as plantas oriundos dos mais velhos, como os pais e avós.
Com o sucesso do evento, o professor João Ari pretende realizar novas parcerias com o projeto Pancpop, complementando a palestra com atividades mais avançadas e práticas, principalmente a partir do segundo trimestre deste ano.
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