A estiagem já causa preocupação aos produtores rurais da Zona Sul. Lavouras de soja, arroz e a pastagem estão entre as mais prejudicadas. Já no milho, mesmo ainda não atingido, a preocupação é grande em função da previsão de pouca chuva para os próximos meses. Companhias de abastecimento já se articulam para evitar que falte água para a população.
Mesmo ainda sem contabilizar o número de propriedades atingidas, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) informou que a falta de chuvas já dificulta a irrigação do grão. Na soja, a plantação também foi prejudicada. "Estamos sofrendo com a estiagem. A situação se agrava dia após dia", diz o coordenador do Irga Zona Sul, André Mattos.
Com 78,2% da área de plantação de milho estimada para a região, a estiagem pode afetar a adubação do grão, como explica o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater/Ascar Pelotas, Rodrigo Prestes. Ele afirma que é necessário ter umidade no solo para esse processo e que há um período determinado para ser realizado, caso contrário pode afetar sua produtividade. No município, a previsão de plantio desta cultura é de 9,8 mil hectares. Além disso, a qualidade da pastagem também está sendo prejudicada, o que pode impactar na criação de gado.
Na Zona Sul, os municípios mais atingidos até o momento são Cerrito, Canguçu, Pedro Osório, Santana da Boa Vista e Piratini. Está prevista para hoje uma reunião com os prefeitos integrantes da AzonaSul. Entre os assuntos da pauta, os gestores irão debater os próximos passos a serem tomados diante da estiagem.
Produtores preocupados
Com 130 hectares de milho já plantados, Marcelo Insaurriaga, 40, explica que, até o momento, o desenvolvimento da lavoura está normal. Porém, se as chuvas previstas para hoje e amanhã não se confirmarem, já será possível contabilizar perdas em lavouras que foram plantadas primeiro, pois o grão estará em fase de pendoamento e rompimento de espigas. É nesse período que o milho precisa de chuva para seu desenvolvimento. Ele ainda diz que a irregularidade das chuvas é um fator a ser observado, já que algumas vezes há precipitações em alguns pontos da cidade e em outros não.
Com toda sua produção destinada à silagem, ainda esse mês, Insaurriaga irá plantar mais 40 hectares de milho e aguarda a chuva para fazer a preparação do solo. Única cultura cultivada, sua renda vem toda do milho e, diante deste cenário de estiagem, seu faturamento fica completamente comprometido.
Abastecimento da população
De acordo com o Sanep, atualmente o município não passa por um momento de emergência em que grandes volumes de precipitação são necessários para a recuperação da barragem Santa Bárbara, que está com 1,02 metro abaixo do nível do vertedouro. Nos últimos 30 dias, a redução foi de 52 centímetros. A autarquia ainda lembra que mesmo em momentos de extrema dificuldade, como a estiagem de 2020, quando a barragem atingiu o nível histórico de 4,40 metros abaixo do nível do vertedouro, o abastecimento de água foi mantido na cidade, sem necessidade de racionamento. Porém, em busca de conscientizar a população sobre o uso responsável da água, o Sanep lançou recentemente uma campanha publicitária.
Nos municípios atendidos pela Corsan, o pedido também é por uso responsável do bem natural, principalmente diante deste cenário de estiagem. Em cidades como Canguçu, Morro Redondo e Capão do Leão, que mais enfrentam problemas com a falta de chuvas, ações de remoção de resíduos e sedimentos acumulados no fundo de rios serão realizados após o fim das medições de profundidade.
Prefeitura acompanhando
Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, a estiagem ainda não atingiu Pelotas com maior intensidade. No entanto, já causa preocupação. Para o responsável pela pasta, a chuva prevista para esta semana deve minimizar os efeitos da estiagem no interior. Caso não ocorra, e o cenário permaneça, os moradores da zona rural precisarão ser abastecidos com um caminhão pipa. "Vamos aguardar até a próxima semana, pois temos previsão de chuvas para os próximos dias. A partir disso faremos uma avaliação das necessidades", esclarece Seidel.
Chuvas abaixo da média
De acordo com os dados da Estação Agroclimatológica de Pelotas, localizada no Capão do Leão e mantida por Embrapa, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), após agosto e setembro com médias positivas, os três últimos meses de 2021 foram com chuvas abaixo do normal. Em dezembro, a média é de 103,2 milímetros e choveu apenas 39,7 (mais de 60 milímetros a menos). Para hoje e amanhã a previsão é de chuva na Zona Sul, segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da UFPel. Porém, na quinta, a instabilidade deixa a região. (Diário Popular)
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