domingo, 6 de julho de 2025

Falta de dados sobre autismo expõe desigualdade regional no Brasil

Existem 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, mostrou um recorte do Censo Demográfico de 2022 divulgado em maio. Foi a primeira vez que Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez um levantamento do tipo. Ainda assim, permanecem perguntas sem resposta: quem são essas pessoas e qual é, de fato, a realidade autista no país?


Sanar essas e outras dúvidas é o objetivo do Mapa Autismo Brasil (MAB), uma plataforma online independente que busca traçar um perfil clínico e sociodemográfico sobre os indivíduos com TEA.

Ana Carolina Steinkopf, pesquisadora e idealizadora do MAB, afirma que, apesar de ser um estudo de extrema importância, o Censo ainda deixou brechas importantes. “Precisamos conhecer a pessoa autista para além do diagnóstico, precisamos entender quais são os impactos sociais do autismo na vida da pessoa e na sociedade”, defende.

Segundo ela, a falta de dados compromete o acesso a direitos básicos como saúde, educação, transporte, trabalho e assistência social. “Com essa respostas, conseguimos trazer soluções efetivas para a pessoa autista e toda a comunidade. A falta desses dados compromete o acesso a direitos básicos como saúde, educação, transporte, trabalho e assistência social.”

Aberto para respostas até o dia 20 de julho, o MAB já reuniu, até a última atualização desta reportagem, mais de 21 mil respostas de autistas e cuidadores de todo o país. Mas as desigualdades regionais também se refletem na coleta: apenas 9,3% das respostas vêm da região Norte, e 18,5%, do Nordeste.

Para Carolina Steinkopf, os vazios estatísticos não podem ser vistos apenas como “falhas técnicas”, mas devem ser tratados como sintomas de desigualdades estruturais.

“A ausência de dados nas periferias, áreas rurais e regiões Norte e Nordeste, por exemplo, não revela a inexistência de pessoas autistas. O silêncio nas respostas também comunica e mostra exclusões históricas, invisibilização territorial, barreiras de acesso à informação, ao diagnóstico ou à internet”, argumenta a pesquisadora.

➡️ Leia a reportagem completa em metropoles.com

📸 Getty Images

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